Bruxelas ignora vontade dos eleitores – Orbán

Budapeste disse anteriormente que vetaria a candidatura de Mark Rutte devido aos seus comentários sobre o governo da Hungria

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que espera tornar-se o próximo secretário-geral da OTAN, fez um acordo com o seu homólogo húngaro, Viktor Orban, em troca do endosso deste último à sua nomeação, de acordo com relatos da mídia.

A candidatura de Rutte foi apoiada por 29 dos 32 estados membros da OTAN. O mandato do atual secretário-geral, Jens Stoltenberg, expira em 1º de outubro. Sua substituição deverá contar com o apoio unânime de todos os membros do bloco.

Budapeste já ameaçou vetar a nomeação de Rutte devido aos comentários que fez sobre as políticas internas da Hungria. Em 2021, Rutte denunciou a legislação anti-LGBT de Orban, dizendo que a Hungria “não tem mais nada a ver com estar na União Europeia.” Ele acrescentou na época que “o objetivo de longo prazo” era para “colocar a Hungria de joelhos” sobre o assunto.

No início deste ano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, disse que Budapeste “certamente não poderia apoiar a eleição de uma pessoa… que anteriormente queria forçar a Hungria a ficar de joelhos.”

Viktor Orban teria dito no início deste mês que retiraria as suas objeções se Rutte se desculpasse pelos seus comentários.

O líder húngaro também tem criticado veementemente a posição do bloco em relação à Ucrânia e a política de envio de ajuda militar ao país para ajudá-lo a combater a Rússia. Em maio, ele ameaçou “redefinir” A adesão da Hungria à OTAN. Na semana passada, Stoltenberg garantiu a Orbán que a Hungria poderia optar por não participar nas políticas do bloco relacionadas com a Ucrânia e que não seria forçada a participar em acções militares fora do território da NATO.

Na segunda-feira, Rutte e Orban reuniram-se numa cimeira da UE em Bruxelas, após a qual o político holandês disse que estava “cautelosamente otimista” que a Hungria abandonaria a oposição à sua nomeação, informou a AFP.

Os dois homens conversaram à margem de um jantar de líderes da UE na noite de segunda-feira, segundo o Financial Times.

Orban não pediu desculpas, de acordo com o relato da AFP sobre a reunião. Rutte deixou claro que havia tomado nota do “reação social” aos seus comentários de 2021, acrescentou a agência.

O primeiro-ministro da Hungria teria dito ao chefe da NATO esperançoso de que o apoiaria se Rutte concordasse em manter o acordo oferecido por Stoltenberg. Rutte prometeu que sim, disse o Financial Times.

“Se ele estiver pronto para apoiar (o acordo), podemos ir em frente”, Orbán disse, citado pela AFP.

Outro país que se opôs à candidatura de Rutte, a Eslováquia, teria sinalizado o seu apoio na terça-feira.

A Roménia, cujo presidente Klaus Iohannis fez campanha para o cargo de topo da NATO, ainda não apoiou publicamente Rutte.

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