A nação rica em energia ameaçou transferir os direitos de desenvolvimento dos seus campos para aliados
A Venezuela poderia transferir os direitos de desenvolvimento dos seus vastos campos de petróleo e gás, atualmente operados por empresas energéticas americanas, para entidades dos países BRICS, alertou o presidente Nicolás Maduro na sexta-feira durante uma conferência de imprensa em Caracas.
Os BRICS incluíam originalmente o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, antes de posteriormente adicionarem a África do Sul e, no início deste ano, o Egipto, a Etiópia, o Irão e os Emirados Árabes Unidos. Vários outros países, incluindo a Venezuela, manifestaram interesse em aderir ao grupo.
“Se essas pessoas no norte e os seus parceiros no mundo cometerem o erro das suas vidas, então esses blocos de petróleo e de gás que já foram assinados (para empresas dos EUA) irão para os nossos aliados do BRICS”, Maduro disse, acrescentando que Washington estava na vanguarda dos planos para desestabilizar seu país.
Com cerca de 303 mil milhões de barris, a Venezuela é responsável por aproximadamente 17% das reservas globais de petróleo bruto, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), que lista a República Bolivariana como tendo as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.
A Chevron, a única grande empresa energética americana que ainda opera na Venezuela, obteve uma licença para bombear petróleo no país em novembro de 2022, um mês após a implementação de uma isenção de sanções. Isto veio em troca do desbloqueio de algumas receitas do petróleo de Caracas que tinham sido congeladas pelas sanções dos EUA.
A Chevron está atualmente envolvida em quatro projetos onshore e offshore na Venezuela através de uma parceria com a gigante petrolífera estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA). No início deste ano, a empresa norte-americana anunciou a meta de aumentar a produção em 35% em relação ao ano anterior, colocando novos poços online.
No início desta semana, a Casa Branca reconheceu Edmundo Gonzalez Urrutia, figura da oposição apoiada pelo Ocidente, como o vencedor das eleições presidenciais da Venezuela no domingo, apesar dos resultados oficiais mostrarem a vitória do atual Maduro. O líder venezuelano instou Washington a “mantenha o nariz fora da Venezuela”, dizendo que os protestos que eclodiram no país após o anúncio dos resultados foram uma tentativa “golpe.”
O presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Maduro no início desta semana por ter sido reeleito. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quinta-feira que a oposição da Venezuela deveria admitir a derrota e parabenizar o vencedor. Acrescentou que é importante que a Venezuela evite tentativas de desestabilização orquestradas por terceiros países e permaneça livre de interferências externas.
No início desta semana, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto, confirmou que Maduro recebeu um convite para participar da cúpula dos BRICS marcada para outubro, na cidade russa de Kazan.
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