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Ex-modelo e uma das ativistas mais ativas do Brasil, Luiza Brunet, de 62 anos, viaja pela Europa em uma cruzada contra o feminicídio e a impunidade contra ataques a mulheres e crianças. A maratona começou na sexta-feira (13/09), na sede da Federação Internacional de Futebol (FIFA)em Zurique, na Suíça, onde denunciou a violência que sofreu em sua vida e pediu medidas urgentes para conter crimes decorrentes da misoginia. Ela admitiu que, em dois anos, poderá concorrer a deputada federal, com a missão de ampliar sua luta. Não será a primeira tentativa dela de entrar na política, já que em 2022 ela chegou a conversar com o PSDB sobre o assunto, mas as negociações não prosperaram.

Brunet diz que a violência de gênero é uma praga que sempre o acompanhou, mas decidiu assumir o combate à violência contra as mulheres após participar de um debate, na Índia em 2017sobre um suposto caso de uma menina estuprada por cinco homens e que acabou morrendo. Um ano antes, ela havia denunciado o então marido, Lírio Parisotto, empresário brasileiro, que a agrediu em Nova York e foi condenado por lesão corporal.

O acontecimento na Índia despertou o compromisso de Brunet em promover, inicialmente nas redes sociais, a discussão sobre a violência contra as mulheres, que estão sendo mortas em um ritmo impressionante. No Brasil, a cada quatro horas, uma mulher é morta por questões de gênero, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Não é por acaso que ela tem recebido convites de diversas partes do mundo para abordar o tema. Em Zurique, ela discursou no auditório da FIFA pelo segundo ano consecutivo, a convite do Centro de Apoio à Migração (ZHM), entidade dirigida por Brianne Franjcic.

Crimes de jogadores de futebol

Notícias de ataques contra mulheres por parte de jogadores de futebol, como Robinho e Daniel Alvessegundo Brunet, “exigem que os dirigentes dos clubes tenham maiores responsabilidades na formação dos atletas”. Ela observa que os salários dos jogadores do sexo masculino são várias vezes superiores aos pagos às mulheres que têm o futebol como profissão. “Essa diferença é absurda. Não podemos fechar os olhos a esta realidade inaceitável. A paridade salarial entre atletas masculinos e femininos deve prevalecer”, destaca.

Brunet lembra ainda que o mesmo Fórum Brasileiro de Segurança Pública constata que há um aumento de 25% na violência doméstica contra mulheres em dias de jogos de futebol no Brasil. Para ela, a bebida, a educação machista e a omissão de entidades ligadas à gestão do futebol são os principais motivos para isso imagem alarmante.

Outro fato surpreendente identificado por Brunet, ao acompanhar uma missão de Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na Ilha de Marajó, no Pará, foram os abusos cometidos contra meninas pelo “turismo sexual praticado na região”.

Todas as informações obtidas pela ex-modelo estão servindo de base para as palestras que ministra no Brasil e no mundo e para sua possível candidatura a deputada federal. “Sofri abuso sexual aos 14 anos, mas o que antes era um tabu agora precisa ser revelado, pois esse crime se repete todos os dias contra mulheres e crianças”, enfatiza.

Brunet continua sua programação em Roma, Milão, Pescara e Florença, na Itália, e em Madri, na Espanha, ainda este mês. Em outubro, estará em Portugal e Eslovénia e novamente em Itália.

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