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Os jovens brasileiros até 35 anos residentes fiscais em Portugal podem beneficiar de um medida recentemente anunciada pelo Governoo que favorece a compra de casa própria: isenção de alguns impostos nestas operações. Pesquisa feita por Tiago Prandi, CEO da empresa Conexão Europa Imóveis, aponta que a economia com a redução de impostos pode chegar a 14,6 mil euros (R$ 88 mil) se a casa ou apartamento adquirido estiver no valor máximo estipulado pelo Governo para isenção total de 316,7 mil euros (R$ 1,9 milhão). “Esse é um benefício e tanto, que chegou em boa hora”, afirma o executivo.

Segundo Prandi, ao optar pela isenção fiscal na aquisição de imóveis por jovens, o Governo quer fixar este grupo em Portugal e diminuir as críticas de que esta parcela da população está a ser negligenciada. Os preços da habitação em território português dispararam nos últimos anos, mais do que duplicando em algumas zonas, impedindo os portugueses mais jovens de realizarem o sonho de terem casa própria. “É uma medida importante, que se aplica tanto aos jovens portugueses como aos jovens de outras nacionalidades, incluindo os brasileiros, que residem e recolhem impostos em Portugal”, salienta.

Tiago Prandi, CEO da Conexão Europa Imóveis, diz que a redução do IPTU para jovens é muito bem-vinda
Arquivo pessoal

De acordo com as medidas anunciadas pelo Governo, no caso dos jovens, a aquisição de imóveis está isenta de Imposto do Selo (IS) e Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT). Mas existem três condições para ter acesso ao benefício. A primeira é ter até 35 anos. A segunda, tendo declarado, sozinha, a Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS)isto é, não depender de ninguém. O terceiro, não possuir ou ter possuído imóveis nos últimos três anos.

Para casais jovens

O Governo abriu também uma brecha para os casais jovens, onde ambos os casais têm até 35 anos. Se um deles atender aos três requisitos estabelecidos, os impostos caem pela metade. “O que também é positivo”, enfatiza Prandi. Reconhece, no entanto, que os jovens terão sempre tendência a procurar imóveis mais baratos, com um ou dois quartos, pois o valor máximo de isenção fiscal é elevado para a maioria dos portugueses, independentemente da idade. Por isso, o CEO da Conexão Europa Imóveis defende o aumento do setor da construção civil para que a oferta de habitação aumente e os preços se equilibrem.

“Não adianta ter incentivos fiscais se o valor dos imóveis continuar subindo, como se viu”, destaca Prandi. Ele lembra que, quando chegou a Portugal, há 20 anos, era comum ver jovens comprando imóveis e financiando os valores. “Há alguns anos que a perceção é que os jovens já não são vistos como potenciais compradores”, sublinha. Ele lembra que para imóveis acima de 316,7 mil a 633,4 mil euros (R$ 3,8 milhões, os impostos também caem, mas em menor proporção.

Na sexta-feira (13/09), o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, anunciou o construção de 59 mil moradias até 2030o dobro dos 26 mil previstos até 2026. Para isso, serão realizados investimentos adicionais de 2,8 bilhões de euros (R$ 16,8 bilhões).

Economia de 4,6%

Fundadora da imobiliária online Vou Mudar para Portugal, Patrícia Lemos afirma que os incentivos fiscais dados pelo governo aos jovens para aquisição de imóveis já estão a surtir efeito. “Desde que foram anunciadas as medidas de isenção fiscal, venho recebendo uma série de consultas e, na semana passada, já fechei uma venda para alguns jovens brasileiros. Isso comprova o quão efetivos são os benefícios e o quanto há demanda por parte desse público, que se considerava excluído do mercado”, afirma.

Para Patrícia Lemos, fundadora do Vou Mudar para Portugal, além de reduzir impostos, é preciso ampliar a oferta de imóveis
Arquivo pessoal

As poupanças decorrentes da redução do Imposto do Selo e do IMT atingem 4,6% do valor total dos imóveis. “É um desconto que faz a diferença para qualquer pessoa”, destaca. Ela acredita, no entanto, que a compra de imóveis pelos jovens tenderá a ser mais eficaz na cidades do Norte de Portugalonde os preços ainda são mais acessíveis e em cidades menores, com boas universidades. “É necessário que as construtoras aumentem a oferta de habitação, pois a procura continua muito superior à oferta, e isso influencia os preços e reduz ligeiramente o impacto da isenção fiscal para quem tem até 35 anos”, afirma Patrícia.

Na avaliação da empresária, o governo mostrou que tem a dimensão exata dos problemas habitacionais em Portugal, e está a atuar em diversas frentes. Além de ter dispensado impostos na compra de imóveis para jovens, está desburocratizando para que novos empreendimentos saiam do papel.

É o que também destaca Tiago Prandi. “Historicamente, um edifício a ser construído em Portugal demora cinco a seis anos, devido a uma série de exigências. Com o Governo a transferir parte das responsabilidades de fiscalização e segurança da construção para as empresas, este tempo cairá para três anos, em média, incentivando as construtoras a acelerarem o lançamento de imóveis”, acredita.

Propriedades populares

Nuno Coelho, diretor da promotora Overseas, conta que, nos últimos dias, foi abordado por pelo menos quatro jovens interessados ​​em saber como aproveitar a isenção fiscal na aquisição de imóveis. “Isso dá a dimensão do potencial da medida anunciada pelo governo”, ressalta. No entanto, na sua opinião, a redução de impostos tenderá a favorecer mais os jovens da classe média alta, que têm condições de arcar com os custos das prestações da casa, do que aqueles com rendimentos mais baixos. “Uma das formas de colmatar esta lacuna é através da construção de imóveis mais populares, o que também requer apoio do Governo”, acrescenta.

Nuno Coelho, diretor da Overseas, afirma que isenção fiscal na compra de imóvel não diferencia jovens ricos e pobres
Arquivo pessoal

Reservas à parte, o executivo diz que qualquer medida de incentivo à compra de imóveis é muito bem-vinda, pois impulsiona a economia, resulta em mais empregos e gera mais renda. “E há outra vantagem neste momento: a queda dos juros. O financiamento bancário deverá ser menos oneroso para os jovens e outros compradores”, sublinha. Para ele, a partir de agora, o Governo deve incentivar o aumento dos lançamentos habitacionais, para que uma medida de curto prazo, como a isenção fiscal, não se torne um problema no médio prazo, ao contribuir para o aumento dos preços por causa de oferta reduzida.

A equação do mercado deve ser uma constante, na visão de Patrícia, Coelho e Prandi. Em cidades como Lisboa, com muitas restrições à construção no centro histórico, todas as regras devem ser avaliadas para que não se transformem em obstáculos que prejudiquem a atuação do Governo. “É sempre possível e muito importante equilibrar o jogo”, afirma o diretor do Overseas. “O momento é de desbloquear as barreiras ao crescimento do mercado imobiliário, pois todos sairão beneficiados com isso”, acrescenta o fundador do Vou Mudar para Portugal. “Tenho consciência de que o Governo está consciente do que é preciso fazer”, acrescenta o CEO da Conexão Europa Imóveis.

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