Três teorias sobre como Israel pode ter desencadeado explosões de dispositivos do Hezbollah

Beirute:

Milhares de pagers e walkie-talkies usado por membros do Hezbollah e detonado em todo o Líbano na terça e quarta-feira, matando pelo menos 32 pessoas e ferindo milhares de outras. Este ataque gerou múltiplas teorias sobre como esses dispositivos foram sabotados. Enquanto o exato mecanismo por trás das explosões ainda está sendo investigado, algumas teorias surgiram.

Grande parte do debate gira em torno da ideia de que os pagers foram adulterados, causando superaquecimento e explosão das baterias. Segundo o ministro libanês das Telecomunicações, Johnny Corm, este superaquecimento indicava “jogo sujo”. No entanto, o especialista em segurança cibernética Robert Graham rapidamente rejeitou esta teoria, argumentando que fazer com que as baterias façam mais do que queimar é implausível. Em vez disso, ele sugeriu a explicação muito mais provável de que alguém subornou as fábricas envolvidas para inserir explosivos nos dispositivos, informou a Bloomberg.

O que aconteceu?

A primeira onda de explosões ocorreu na terça-feira, quando pagers usados ​​pelo grupo terrorista apoiado pelo Irã foram detonados em todo o Líbano. Os hospitais ficaram rapidamente sobrecarregados com vítimas, levando ao estabelecimento de um hospital de campanha em Tiro. Estas explosões ocorreram pouco depois de Israel ter anunciado uma expansão estratégica nas suas ações militares contra o Hezbollah. Na quarta-feira, uma segunda onda de explosões envolvendo walkie-talkies do Hezbollah causou ainda mais caos.

Teoria 1: Explosivos plantados em dispositivos

De acordo com fontes de segurança libanesas e relatórios da Reuters, um novo lote de 5.000 pagers encomendados pelo Hezbollah ao fabricante Gold Apollo, com sede em Taiwan, foi comprometido. A agência de inteligência espiã israelense Mossad é suspeita de incorporar pequenos dispositivos explosivos nesses dispositivos. Os explosivos, supostamente tão pequenos quanto 3 gramas, foram escondidos de tal forma que passaram meses sem serem detectados pelo Hezbollah. Acredita-se que o mecanismo de detonação seja ativado remotamente por meio de uma mensagem codificada enviada aos pagers. Esses explosivos, dizem os especialistas, eram impossíveis de detectar através de scanners regulares.

O ataque aos walkie-talkies, que se acredita terem sido adquiridos na mesma época, está ligado a uma operação de sabotagem semelhante. Acredita-se que esses dispositivos, rotulados como ICOM e supostamente fabricados no Japão, tenham sido adulterados no nível de produção, possivelmente pelo Mossad. As explosões de walkie-talkies são menos documentadas, mas sugere-se que o mesmo método de mensagem codificada poderia ter sido usado para ativar os explosivos embutidos.

Teoria 2: Cadeia de suprimentos comprometida

Outra teoria é a adulteração da cadeia de abastecimento. Especialistas em segurança sugerem que a inteligência israelense pode ter obtido acesso aos dispositivos muito antes de chegarem ao Hezbollah. Os pagers foram identificados como modelos Gold Apollo AR-924, mas uma investigação mais aprofundada revelou que foram fabricados pela BAC Consulting na Hungria, uma empresa com direitos de licenciamento para usar a marca Gold Apollo. Isto levanta a possibilidade de a sabotagem ter ocorrido durante as fases de fabrico ou distribuição, proporcionando a Israel a oportunidade de instalar materiais explosivos sem detecção.

Desde então, o Hezbollah afirmou que os dispositivos faziam parte de um carregamento importado recentemente, o que implica que a adulteração ocorreu antes da chegada dos pagers ao Líbano.

Teoria 3: Ativação remota via mensagem

Outra teoria central é que os pagers e walkie-talkies foram detonados remotamente usando um sinal eletrônico ou radiofrequência, em vez de adulteração física. Mark Montgomery, almirante aposentado e diretor executivo da Comissão do Solarium do Ciberespaço, sugeriu que as explosões podem ter sido desencadeadas por uma frequência de rádio ou sinal eletrônico. “Suspeito que tenha sido um defeito físico intencional causado por um sinal cibernético ou de radiofrequência”, disse ele à Bloomberg.

A detonação parece ter sido desencadeada por uma mensagem codificada, de acordo com uma reportagem do New York Times. Os pagers receberam simultaneamente o que parecia ser uma comunicação interna da liderança do Hezbollah, que, ao ser aberta, ativou os explosivos escondidos nos dispositivos. Vídeos que circulam nas redes sociais supostamente mostram indivíduos olhando para seus pagers momentos antes das explosões.

Quem é o responsável?

O Hezbollah culpou Israel pelo ataque e prometeu retaliação. O momento das explosões, que se seguiram ao anúncio de Israel de operações militares alargadas ao longo da fronteira com o Líbano, alimentou especulações de que se tratava de uma medida deliberada da Mossad. No entanto, Israel não comentou oficialmente o assunto. Outras investigações estão em andamento.

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