Notícias mais recentes e de última hora na NDTV


Moscou:

O presidente russo, Vladimir Putin, convocou uma reunião urgente do principal conselho de segurança de Moscovo para discutir a sua dissuasão nuclear. A medida ocorre em meio a preocupações crescentes na Rússia sobre a possibilidade de a Ucrânia ser autorizada pelas potências ocidentais a usar mísseis de cruzeiro para atingir locais no interior da Rússia.

Na semana passada, o Reino Unido autorizou o uso do seu míssil de cruzeiro ‘Storm Shadow’ para bombardear a Rússia. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, até voou para Washington DC para se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden. Os dois líderes teriam discutido o uso de armas pela Ucrânia em solo russo.

A inteligência russa tinha informações sobre tal possibilidade e disse no início deste mês que “tornou-se necessário que Moscovo revisse a sua doutrina nuclear devido à escalada da guerra no Ocidente na Ucrânia”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin se reunirá com as autoridades mais poderosas de sua administração para discutir a estratégia de guerra futura. “Haverá um discurso do Presidente”, disse Peskov, acrescentando que “o resto, por razões óbvias, será marcado como ‘ultrassecreto’”.

Falando sobre os relatos de que os Estados Unidos e o Reino Unido estão prestes a dar autorização à Ucrânia para Kiev lançar mísseis de cruzeiro em solo russo, o Presidente Putin disse este mês que, “O Ocidente estaria a lutar directamente com a Rússia se desse tal permissão para Ucrânia (para bombardear a Rússia)”, acrescentando que Moscou seria forçada a tomar “decisões apropriadas” em tal cenário.

DOUTRINA NUCLEAR DA RÚSSIA E TRATADO CONOSCO

A Rússia é a maior potência nuclear do mundo. Juntos, a Rússia e os Estados Unidos controlam 88% das armas nucleares do mundo.

A actual doutrina nuclear da Rússia foi estabelecida por Vladimir Putin há quatro anos, antes do início da guerra com a Ucrânia. De acordo com a doutrina actual, a Rússia pode utilizar armas nucleares no cenário em que seja alvo de um ataque nuclear ou se um ataque convencional ameaçar a existência do Estado.

Notícias mais recentes e de última hora na NDTV

O Presidente Putin, que é o principal responsável pelas decisões sobre o enorme arsenal nuclear da Rússia, está agora a planear como responder se os Estados Unidos e os seus aliados europeus permitirem que a Ucrânia utilize mísseis fornecidos pelo Ocidente para atacar as profundezas da Rússia.

Os Estados Unidos e a Rússia têm um tratado nuclear denominado Novo Tratado START EUA-Rússia, que entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2011.

Nos termos do tratado, os Estados Unidos e a Federação Russa tiveram sete anos para cumprir os limites centrais do tratado sobre armas estratégicas ofensivas (até 5 de fevereiro de 2018) e são então obrigados a manter esses limites enquanto o tratado permanecer em vigor.

De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, este tratado aumenta a segurança nacional dos EUA ao impor limites verificáveis ​​a todas as armas nucleares de alcance intercontinental utilizadas pela Rússia. Os Estados Unidos e a Federação Russa concordaram em prorrogar o tratado até 4 de fevereiro de 2026.

Notícias mais recentes e de última hora na NDTV

De acordo com um relatório da Reuters, o Kremlin disse que quaisquer discussões sobre uma substituição do Novo Tratado START EUA-Rússia, que expira em 2026, precisariam de ter em conta o potencial nuclear europeu – abreviatura para os arsenais da Grã-Bretanha e da França.

“Ainda não recebemos uma resposta dos americanos a isto, mas é claro que é necessário um acordo e as negociações devem começar o mais rapidamente possível”, disse Peskov quando questionado sobre um possível substituto para o Novo Tratado START.

O MÍSSELO SOMBRA DA TEMPESTADE

A Ucrânia já possui o míssil Storm Shadow fornecido pelo Reino Unido, mas utiliza-o apenas dentro do seu território para combater as forças russas.

Até agora, existem restrições à Ucrânia quanto ao uso de armamento ocidental avançado em alvos dentro do território russo, mas é provável que isso mude com as autorizações supostamente emitidas pelo Reino Unido, com o apoio dos EUA.

Notícias mais recentes e de última hora na NDTV

O Storm Shadow é um míssil de cruzeiro de longo alcance e baixa observação. É desenvolvido em conjunto pelo Reino Unido e pela França e tem um alcance de cerca de 500 km. Já foi integrado em aviões de combate ucranianos, incluindo os bombardeiros Su-24 construídos na Rússia – um legado do passado, de quando a Ucrânia fazia parte da antiga União Soviética.

O míssil Storm Shadow tem um alcance de cerca de 500 km e pode atingir territórios no interior da Rússia. (Crédito da foto: Postado em X por @TopLeadEU)

O míssil Storm Shadow tem um alcance de cerca de 500 km e pode atingir territórios no interior da Rússia. (Crédito da foto: Postado em X por @TopLeadEU)

Desenvolvido em 1994 e fabricado pela Matra e pela British Aerospace, o míssil Storm Shadow é agora fabricado pela MBDA Systems. ‘Storm Shadow’ é o nome britânico da arma, enquanto na França ela é chamada de SCALP-EG.

ESTOQUE DE ARMAS NUCLEARES RUSSA

Se a Ucrânia utilizar mísseis de cruzeiro para atacar o território russo, a resposta russa a isto poderá ser massiva. A preocupação internacional é que Moscovo possa considerar seriamente a utilização de armas nucleares num tal cenário.

De acordo com o Centro de Controlo e Não-Proliferação de Armas – uma organização apartidária sem fins lucrativos dedicada ao desarmamento de armas nucleares – a Rússia mantém um arsenal de cerca de 6.372 ogivas nucleares – o maior do mundo.

Destes, 1.572 são implantados em mísseis balísticos estratégicos baseados em terra, mísseis balísticos lançados por submarinos e bombardeiros pesados. Aproximadamente mais 870 ogivas estratégicas e 1.870 ogivas não estratégicas estão em reserva, com uma estimativa adicional de 2.060 ogivas aguardando desmantelamento.


Fuente