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O ator e cantor Marcelo Serrado há muito acalentava o sonho de homenagear seus pais. Foram eles que, a muito custo, convenceram o filho a ouvir e gostar de Frank Sinatra. Ainda muito jovem, Serrado teve grande resistência ao ícone norte-americano. Há quatro anos, ele finalmente conseguiu transformar seu sonho em realidade. Ele se juntou a um grupo de amigos que formam a banda Conexão Rio — curiosamente, dois deles são médicos, mas sempre estiveram ligados à música — e criou o show Sinatra para Vando e outros Bossasque fará a sua estreia internacional em Portugal nos dias 14 e 15 de outubro, no Teatro Maria Matos.

O show vai do chique ao brega, com músicas de Sinatra, Michel Bublé, Tom Jobim, Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Luís Miguel, Sidney Magal, Tim Maia, Lulu Santos e Wando, entre outros. “Marcelo aproveita sua verve para o humor e intercala as músicas com muitas histórias curiosas e engraçadas. A inclusão de cantores bregas no roteiro tem muito a ver com esse humor”, afirma o pianista André Cechinel, do Conexão Rio, que é oftalmologista.

Um dos casos mais interessantes contados por Serrado envolve Sinatra e Jobim. O astro norte-americano havia se encantado com o show de bossa nova apresentado pelo compositor brasileiro no Carnegie Hall, em Nova York, e quis gravar diversas músicas. Sinatra então ligou para a casa de Jobim, que não estava lá. A esposa do brasileiro deu a Sinatra o telefone do bar Veloso, que o brasileiro frequentava muito. Quando Jobim foi informado que o americano estava na linha, pensou que fosse uma brincadeira de amigo. Com isso, os dois gravaram um dos melhores álbuns da história: Francisco Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim.

João e Chico

Cechinel conta que a música sempre esteve em sua vida, apesar de ter seguido a carreira médica. Aos 12 anos disse ao pai que gostaria de mudar de escola, pois pretendia continuar os estudos no Colégio Rio de Janeiro, em Ipanema, de onde vieram muitos músicos. O acordo com o pai para a troca era que o menino teria que passar em todas as matérias. “E assim foi feito. Aos 14, 15 anos, já fazia parte de uma banda da escola, o Posto 6, que leva o nome de Copacabana, que passou a competir e, melhor ainda, a ganhar diversos prêmios. Tantos que um jurado de um dos concursos convidou o grupo para se apresentar em hotéis dos Estados Unidos. Esse jurado trabalhava no setor de turismo”, lembra.

A banda, que ganhou outro nome, Agora, além de Cechinel, contava com Zé Renato e Cláudio Nucci, que, anos depois, criaria o grupo Boca Livre, e Cláudio Infante, de apenas 11 anos e, hoje, considerado um dos os 50 melhores bateristas do mundo. “O tempo foi passando e fui para a faculdade de medicina, mas sempre com um pé na música”, conta a pianista. Foi essa ligação que resultou na criação do Conexão Rio, que conta com o médico-cirurgião Fernando Barroso no baixo, Fernando Clark na guitarra e Zé Mário na bateria. “Nós nos tornamos uma banda instrumental”, acrescenta.

O primeiro álbum gravado pelo Conexão Rio teve como foco a obra do cantor e compositor João Bosco, que participou da obra, intitulada Coisa feita. “Depois desse trabalho, nos reunimos com o arranjador e compositor Víttor Santos e produzimos nosso segundo disco, desta vez centrado na obra de Chico Buarque. Escolhemos apenas músicas que tivessem sua música e letra. O disco Você apenas dança com ele Foi um sucesso de crítica e público”, destaca Cechinel. Seguiram-se vários outros trabalhos, em apresentações com músicos e cantores como Raul Mascarenhas, Celso FonsecaVerônica Sabino, Mauro Senise, Leo Gandelman e Vinícius Cantuária.

Planos com Roberto

A vida continuou e os caminhos do Conexão Rio e de Marcelo Serrado se cruzaram. “Ele viu nossos ensaios pela internet e, como éramos amigos, me procurou propondo um show, pois nunca tinha cantado sozinho, já havia feito várias peças em que cantava, mas nunca um show próprio”, lembra o pianista. “Temos feito apresentações mensais no Rio e, periodicamente, em São Paulo, de acordo com todas as nossas programações. Agora surgiu a oportunidade de levar o espetáculo para Portugal e tenho a certeza que será muito bem recebido”, destaca.

A banda, cuja essência é a bossa nova e o samba jazz, já faz planos. “Estamos tocando mais um projeto em paralelo com o vocalista e tecladista Henrique Portugal, um dos fundadores da banda Skank (que recentemente anunciou seu fim). Este projeto é inteiramente baseado nas músicas de Roberto Carlos. Já fizemos sete shows no Brasil e pretendemos levar esse show também para Portugal”, afirma Cechinel.

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