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Há oito anos em Portugal, o curitibano Robinson Carlos Franco conseguiu um feito. Sua empresa, a DCMFtornou-se o maior fabricante de pão de queijo do continente. São 300 toneladas por mês, que vão para 26 países.

O empresário afirma que sua empresa não se limita a um produto. Também vende polpas de frutas, açaí e sorvetes. A diferença é que, nesses casos, ele atua como importador. O pão de queijo é produzido na própria fábrica.

UM decisão de fabricar a iguaria em Portugal resultou da mudança na forma como uma norma europeia é aplicada. “Havia uma norma que proibia a importação de produtos de origem animal, mas, em Portugal, não foi aplicada. Em 2021 isso mudou e tivemos que nos adaptar”, explica.

Com a mudança, ele perdeu dois contêineres de pão de queijo que já eram embarcados no Brasil. Foi então que decidiu ter uma fábrica e escolheu a cidade de Torres Vedras para o acolher. “O queijo do nosso pão vem da Itália. Mandioca e fécula, do Brasil. Os restantes ingredientes – leite, ovo, sal e gordura – compramos nos mercados locais”, relata.

Franco prevê receita de 10 milhões de euros (R$ 60 milhões) para este ano. “Devemos crescer entre 10% e 15% neste ano e nos próximos períodos, porque estamos abrindo novos mercados”, acrescenta. Atualmente, vende para 22 países europeus, além de Estados Unidos, Coreia do Sul, Angola e Emirados Árabes Unidos.

Mudar

A vinda para Portugal foi causada por um sentimento de insegurança no Brasil. “Pessoalmente não fomos assaltados, mas a empresa paranaense foi assaltada mais de 10 vezes. Ficamos com medo, principalmente porque tenho duas filhas”, enfatiza.

Vendeu a fábrica que tinha no Brasil e cruzou o Atlântico em 2016. “O investimento inicial para abrir o negócio em Portugal foi de 500 mil euros (R$ 3 milhões). Não foi fácil, devido ao excesso de burocracia. Somente em 2019 começaram a aceitar nossos produtos. Mas, em 2020, veio a pandemia do novo coronavírus e ficou muito difícil. Em 2021 construímos a fábrica, com investimento de 1,2 milhão de euros (R$ 7,2 milhões)”, lembra.

Franco relata que todo investimento Foi feito com recursos trazidos do Brasil, mas, neste momento, a empresa já opera com capital que ela mesma gera. “Houve momentos difíceis, principalmente quando construímos a fábrica, em 2021. Nesse período, um euro valia R$ 7”, ressalta.

Mercado

Franco descreve o papel da sua empresa no mercado: “Em Portugal as vendas são apenas para supermercados e distribuidores, o que aqui chamam de grossistas (grossistas). Não vendemos para o que chamam de horeca aqui”, explica. Horeca é a sigla que significa hotéis, restaurantes e cafetarias.

O empresário afirma que existem cinco concorrentes de dimensão industrial em Portugal na produção de pão de queijo. “Porém, nenhum do nosso tamanho”, enfatiza.

Há também a produção artesanal, que, na sua opinião, não tem a mesma qualidade do pão de queijo que sai da sua fábrica, mas tem a vantagem da proximidade. “Muitas vezes o cliente conhece quem está vendendo, o que facilita a venda”, observa.

Como forma de manter vantagem sobre a concorrência, ele acrescentará novos sabores e recheios ao pão de queijo. “Ter um produto diferente pode nos ajudar a vender para clientes que já possuem outro fornecedor e que querem ver como os consumidores reagirão ao novo produto”, afirma.

Portugal x Brasil

Quando morou no Brasil, Franco também trabalhou com vendas de alimentos. Além de pão de queijo, açaí e polpa de frutas, o catálogo trazia pães, legumes e peixes congelados. Ao cruzar o Atlântico, decidiu reduzir a gama de produtos.

Uma das maiores diferenças que sentiu foi a forma como a empresa estava organizada. “Em Portugal a visão da empresa é diferente. No Brasil, tínhamos armazém e caminhões próprios. Agora, a logística é terceirizada. Tudo fica mais leve”, relata.

Na Europa, a marca própria tem qualidade. Às vezes, qualidade ainda melhor do que as marcas tradicionais. No Brasil, ao produzir marcas próprias, as empresas até pediram para usar ingredientes mais baratos.

“Se tentarmos fazer como fizemos no Brasil, vai falhar. Por isso tive tantos problemas nos primeiros dois anos em Portugal”, reconhece.

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