O ano do renascimento de Luísa Costa Gomes (e da poesia japonesa, João Coração e “A Fera na Selva”)

“Meu mundo está morrendo, o mundo em que nasci, cresci e fui adulto está desaparecendo. Não me causa saudade maior porque acho que o que está por vir tem coisas muito interessantes”. Esta parte da entrevista com Luísa Costa Gomes que publicamos nesta sexta-feira no Ípsilon.

Aos 70 anos, o escritor, voz incontornável da literatura portuguesa, renasceu. “Há momentos na vida que são erupções de juventude e de uma certa juventude antinatural, de recuperação de energia vital”, diz a Isabel Lucas.

Há um novo livro, Visitando amigos e outras históriase prepara um romance, uma obra de ficção científica, uma biografia. Sem autobiografia, ele acha que é “uma seca monumental”.

Escrever, escrever, escrever: contos, romances, poemas, crónicas radiofónicas, peças de teatro, até uma canção alentejana e um libreto de ópera…”Dá-me prazer sentir que as palavras, ao mesmo tempo que dizem tudo, não dizem nada. Tenho muita dificuldade em aceitar autoridade. Também palavras”, diz ela, “velho anarquista”.

Nesta entrevista, ele também fala sobre o vício de fazer rir, sobre a amizade e sobre muitos paradoxos em sua vida e obra.


se a vida é uma gota de orvalho
e este mundo
pura
viagem
minha casa será uma almofada de grama

Ryokan era um poeta e monge budista zen que viveu entre 1758 e 1831. Pela primeira vez, uma antologia dedicada exclusivamente a este japonês, mestre da waka. Podemos agradecer Marta Morais: em um templo no Japão, traduziu Ryokan, poeta em “comunhão com as coisas”. Hugo Pinto Santos falou com ela.

Em 2009 publicou o superlativo Mude essa mudança. Então desapareceu. Ele agora ressurge por um motivo muito simples: músicas aconteceram com ele. Soberano é o retorno de João Coraçãorei do romantismo na era dos cínicos. Diz a Mário Lopes: “Não faço canções para os outros sentirem alguma coisa, faço canções porque se não as fizesse morreria. Quando surge uma canção, tenho que fazê-la”.

Com sua adaptação do romance de 1903 de Henry James, Para Fera na Selvao diretor austríaco Patric Chiha assina um “filme de dança”. Noturno, elástico, hiper-romântico, à sombra de John Ford, Klaus Nomi e dos irmãos Lumière. Entrevista de Jorge Mourinha.

Também neste Épsilon:

-Cinema: comentários de Chuva de verão; Matar – Jornada Mortal; Lobos; Superman: a história de Christopher Reeve; Ospina Cali Colômbia; Lee Miller: na linha de frente; e subúrbio;

– Exposições: revisão em exibição Leonor Antunes no Centro Gulbenkian de Arte Moderna; e Tempo Profundono Museu Nacional de História Natural e Ciência, Lisboa (ainda disponível apenas em edição impressa);

– Música: os novos álbuns Imita (quem entrevistamos) e Manu Chao;

– O livro psiconautasde Mike Jay, uma viagem pela história das drogas;

– Teatro: Solstício de Invernoa nova criação do Teatro da Cidade.

E não só. Boa leitura!


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