É possível fazer um curso universitário enquanto se joga a Copa do Mundo?

euA carreira de jogador de futsal é efêmera, como a da maioria dos atletas, e ultrapassar a barreira dos 30 é um antes e um depois. Dídac é goleiro da Seleção Espanhola, além de pai e estudante universitário.

Há dois anos decidiu dar o passo de inscrever-se numa licenciatura que hoje combina com o Mundial de Futsal que se realiza no Uzbequistão. Treinos, jogos e estudos nas horas livres compõem a rotina de um jogador que aos 34 anos entendeu a importância de construir um futuro além do 40×20.

Perguntar: Quando você começou a fazer um curso universitário?

Responder: Comecei há três anos, quando estávamos na Copa do Mundo da Lituânia. Decidi que algo precisava ser feito porque vejo o fim cada vez mais próximo. Achei que era um bom momento para começar e decidi seguir carreira em gestão esportiva.

“Isso vai acabar mais cedo ou mais tarde”

P. Por que você tomou essa decisão?

R. Sempre tive aquele bug atrás da orelha de que precisava fazer alguma coisa. Mais cedo ou mais tarde isso vai acabar. Teremos muito tempo pela frente em que certamente teremos que fazer coisas e teremos que trabalhar. Para isso o treino hoje é fundamental, gostaria de ter começado a fazer isso antes.

P. A sua atividade profissional permite-lhe frequentar as aulas ou faz-no online?

R. É uma prova presencial, mas os atletas de alto nível têm a sorte de a nível institucional existir uma série de programas e instalações dos quais podemos beneficiar. Porque praticamente nunca posso ir às aulas, já que a prova é no período da manhã e estou treinando normalmente.

P. Como conciliar a Copa do Mundo com os estudos universitários?

R. Agora a verdade é que há pouca carga, tanto de estudos quanto de treinamento. Já estamos no meio do campeonato e a universidade acaba de iniciar o percurso. Esses dias estou fazendo contato com os novos professores para tentar fazer alguns tutoriais, alguns encontros para conversar e ver como abordamos a dinâmica do assunto.

P. Os professores conhecem você e facilitam esse equilíbrio entre vida pessoal e profissional?

R. Se tenho algo a dizer é que os professores estão muito dispostos a nos ajudar, a nos adaptar. Sempre encontramos uma forma de conversar ou nos ver telematicamente e de propor algo que seja viável levando em consideração a minha situação. A relação que se estabelece em muitos casos é muito boa, a tal ponto que alguns professores, para me facilitar, me dizem que não preciso falar com eles por email e me dão o seu número pessoal.

“Alguns professores acompanham as notícias esportivas atuais, muitos me conheciam e eram fãs de futsal”

P. Você não fica surpreso quando vê seu nome na lista ou quando o vê na aula pela primeira vez?

R. Acho que internamente, antes de ter contato com os alunos, eles já sabem quais são os casos específicos dos atletas que estão ali. Alguns até acompanham as novidades do esporte; Muitos me conheciam e eram fãs de futebol de salão.

P. Qual é a sua matéria favorita?

R. É uma carreira intimamente ligada ao desporto do ponto de vista empresarial e de gestão. Gosto especialmente daqueles que estão focados em todo o sistema legislativo que existe no desporto, para conhecer um pouco das estruturas, quem tem poder sobre quem, de quem dependem as federações… Também tem sido bom para mim perceber uma pouco o estágio em que estou.

P. Algum de seus colegas conhece você ou sabe que você divide aula com um jogador profissional?

R. Eles sabem que estou na turma porque estou na lista e quando há e-mails de grupo, meu e-mail também está lá. Quando tenho que apresentar trabalhos ou exposições, o professor tenta que eu vá pessoalmente e é verdade que no final quando vou me sinto um pouco deslocado. A maioria são jovens de 18, 19 anos. Mas sempre que preciso eles me ajudam.

“Por um momento eu disse, isso me lembra da época do ensino médio com meus amigos se beijando.”

P. Alguma anedota da universidade?

R. Este ano cheguei um dia para uma prova e normalmente espero o professor fora da sala de aula. Quando ele chegou me disse para esperar, que havia um probleminha. Olhei um pouco e vi que o reitor também estava na sala de aula. Aparentemente algumas crianças jogaram um balão de água pela janela e molharam algumas meninas que estavam no refeitório. Por um momento eu disse, isso me lembra da época do ensino médio com meus amigos brincando.

P. Você já estudou com seus filhos enquanto eles fazem a lição de casa?

R. Não porque ainda sejam muito pequenos. Acho que agora o Leo, o mais velho, vai começar a fazer os deveres de casa, mas nesses anos em que tive que estudar não tenho conseguido fazer em casa porque são crianças muito pequenas, ativas e tem dificuldade de concentração . Com certeza em pouco tempo poderei fazer isso com o grande, desde que o pequeno deixe.

P. Uma promessa se vencerem a Copa do Mundo?

R. Não sou de fazer esse tipo de promessa, de raspar a cabeça ou pintar o cabelo. O que eu gostaria, se fôssemos campeões, é que pudéssemos então fazer um passeio, uma viagem de lazer para toda a expedição conviver de uma forma diferente.

P. Um sonho que ainda falta realizar no futsal?

R. Eu diria para você poder jogar nas Olimpíadas. Seria algo brutal porque seria também a primeira vez que o futsal seria olímpico e seria uma conquista pessoal e coletiva no mundo do futsal.

P. Um sonho na vida?

R. Meu sonho é poder continuar vivendo de algo que gosto, que me motiva, que me dá oportunidades de melhorar e crescer. Se puder ser ligado ao desporto, espero continuar neste negócio.



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