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Ao contrário do mau humor epidêmico estrutural, que assola os países menores em termos de tamanho e amplitude cultural e comunitária, o Brasil, mesmo com as fortes tentativas de criar ferramentas de polarização política e religiosa em um projeto maior de construção de currais eleitorais, ainda é um terreiro tropical abençoado por Deus e lindo por natureza.

Só o Brasil é capaz de fazer um inglês deixar a família e ir embora com o circo.

O brasileiro, intuitivamente, torna-se descuidado e deixa a alegria brilhar em seus dentes. A alegria é a luz no dia a dia dessas pessoas, dessas pessoas. O gene Africano-Luso-Tupiniquim, porém, permanece intacto. Um altruísmo ancestral, telúrico, intrínseco e contagiante.

Em 1972, em entrevista à rádio JB FM, Tom Jobim já dizia que havia um tipo de homem no Brasil que quer atear fogo na floresta, matar os índios e escravizar as mulheres.

Porém, mesmo com incêndios criminosos que aos poucos vão destruindo os biomas brasileiros em favor do agronegócio, esse povo mestiço — mestiço, criativo, resiliente e perseverante — está se adaptando ao tempo e às tempestades, e é capaz de dar um cafuné com o olhar e faça qualquer estrangeiro se sentir em casa.

Ainda é possível no Rio de Janeiro sentar-se à mesa de um bar clássico como o Bode Cheiroso, Adonis ou Momo e, em poucos minutos, começar a conversar com a mesa ao lado, sentar-se em uma caixa de cerveja e , no final do turno boêmio, olhe para o lado e pense que está em alguma festa de fim de ano em família.

Na semana passada, ao desembarcar no aeroporto Antonio Carlos “Galeão” brasileiro de Almeida Jobim, no Rio, fui encontrar meus parceiros Moacyr Luz, Edu Krieger, Rodrigo Maranhão, Pedro Luís e Gabriel Moura para um ensaio fotográfico no Aterro do Flamengo para divulgar de shows que estamos fazendo juntos em algumas cidades brasileiras estávamos nós seis caminhando em direção à Baía de Guanabara e fomos abordados por algumas pessoas que tinham o mar nos olhos em comum.

— Só no Rio alguém vai à praia tomar cerveja e se depara com essa maravilha de encontrar compositores passeando a caminho do mar — disse um homem.

Sentamos em uma barraca de praia à sombra de um coqueiro — daqueles que vendem água de coco, caipirinha, mate e cerveja — e, como havia um violão entre nós, chegou um jovem que trabalhava no estabelecimento e disse:

— Desculpe incomodar, você quer que eu abaixe a música do rádio da barraca para não incomodar você?

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, deveria perpetuar o slogan: “Se a alegria da sua vida está acabando, venha visitar o Brasil”. Em caso de falta de alegria, venha para o Brasil!

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