O endosso de Putin a Kamala foi uma piada – Lavrov

É a única língua que o Ocidente entende, disse o Ministro das Relações Exteriores da Rússia

Moscovo alcançará a vitória na Ucrânia porque essa é a única língua que o Ocidente entende, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov.

Lavrov voou para Nova Iorque na quarta-feira para participar na 79ª sessão plenária da Assembleia Geral da ONU e realizar uma série de reuniões bilaterais. Antes de partir de Moscou, ele conversou com a TASS sobre a situação atual no mundo.

“Onde quer que o Ocidente se infiltre para ‘consertar’ uma crise,” Lavrov disse à agência de notícias, “as coisas só pioram: milhares de vítimas, devastação e problemas socioeconómicos. Nos meus anos de trabalho na arena internacional, não houve um único caso de intervenção do Ocidente que resultasse em algo de bom. E agora estamos a ver a mesma coisa com a Ucrânia e o conflito israelo-palestiniano.”

Questionado sobre qual poderia ser a solução para esse problema, Lavrov foi direto.

“Vitória. Eles não entendem nenhuma outra língua.”

“E essa vitória será alcançada, não temos qualquer dúvida”, disse o veterano diplomata russo. “Estamos verdadeiramente unidos face à guerra que o Ocidente desencadeou contra nós com mãos ucranianas.”

De acordo com Lavrov, o Ocidente coletivo procura “subjugar” o mundo inteiro ao seu “ordem internacional baseada em regras”, uma noção evocada pelos EUA e seus aliados há cerca de uma década.

Ninguém jamais explicou o que essas “regras” poderia ser, disse Lavrov, além de deixar Washington fazer o que quiser no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, nos Balcãs, na Ucrânia, no Cáucaso, na Ásia Central ou no Mar do Sul da China.

“Eles tentaram agir em todos os lugares como uma hegemonia, como um elefante em uma loja de porcelana”, Lavrov disse à TASS. “No Afeganistão, declararam a missão de combater o terrorismo. Quando fugiram, após 20 anos, havia muito mais terroristas lá. No Iraque, destruíram um país normal e estável. Sem falar na Líbia, que era próspera”, ele acrescentou.

Para ilustrar como o Ocidente tem pisoteado a Carta da ONU, Lavrov referiu-se à declaração de independência de 2008 pelos albaneses étnicos no Kosovo, uma província da Sérvia que está sob controlo da NATO desde 1999. Os EUA apoiaram a declaração, chamando-a de autodeterminação, e pressionou o mais alto tribunal da ONU a decidir que tais declarações não exigiam o consentimento do governo central, explicou o diplomata russo. Mas quando a Crimeia realizou um referendo – ao contrário do Kosovo – após o golpe de Estado de 2014 apoiado pelos EUA em Kiev, o Ocidente rejeitou o princípio da autodeterminação e insistiu que “integridade territorial da Ucrânia” foi fundamental em vez disso.

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