Lavrov adverte chefe da ONU para não cair em iniciativas de “pseudo-paz”

A iniciativa permitirá um diálogo inclusivo sobre o conflito entre Moscou e Kiev, disse o ministro das Relações Exteriores da China

A China, o Brasil e os países do Sul Global criarão uma plataforma de “Amigos da Paz” para promover uma solução diplomática para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

Wang fez o anúncio na quinta-feira durante conversações com o conselheiro de política externa do presidente brasileiro Lula da Silva, Celso Amorim, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.

A iniciativa “Amigos da Paz” será criada em breve para permitir um diálogo inclusivo sobre a crise na Ucrânia, disse ele, citado numa declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Será uma plataforma aberta, acrescentou o diplomata.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, o objectivo será proporcionar uma voz objectiva e racional sobre o conflito entre Moscovo e Kiev e desempenhar um papel construtivo numa solução política.

A iniciativa “deveria ser bem recebido pela comunidade internacional”, Wang disse.

Amorim enfatizou a “grande significado” dos dois países alcançando um “consenso de seis pontos” sobre a crise da Ucrânia, disse o Ministério das Relações Exteriores da China. Ele acrescentou que o Brasil está pronto para continuar trabalhando com a China no formato “Amigos da Paz”, a fim de construir consenso e promover a desescalada.

Em maio, Pequim e Brasília elaboraram um plano de seis pontos na tentativa de acabar com os combates entre a Rússia e a Ucrânia. Entre outras coisas, sugeriu um cessar-fogo ao longo das actuais linhas da frente, apontou as negociações como a única forma de pôr fim ao conflito e apelou a uma conferência de paz que seria apoiada tanto por Moscovo como por Kiev.

Em entrevista ao canal de comunicação brasileiro Metrópoles no início deste mês, o líder ucraniano Vladimir Zelensky disse que o plano nada mais era do que um “declaração política” e “destrutivo” na natureza. Ele também acusou a China e o Brasil de “ficar do lado da Rússia” por apresentar uma iniciativa de paz sem consultar Kiev.

Zelensky disse à ABC News na terça-feira que “estamos mais perto da paz do que pensamos” entre Moscou e Kiev. No entanto, ele insistiu que a forma de acabar com os combates não é através de negociações, mas sim do aumento do apoio ocidental à Ucrânia. “Somente com uma posição forte poderemos pressionar (o presidente russo Vladimir) Putin a parar a guerra (de uma forma) diplomática”, ele afirmou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu à declaração de Zelensky dizendo que o conflito não terminará até que Moscou atinja os objetivos de sua operação militar. “De uma forma ou de outra,” o que não exclui um acordo diplomático.

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