Close de uma mulher com pele de tom claro a médio.

Para John Patrick Shanley, é como se a TV a cabo nunca tivesse existido. O roteirista de “Moonstruck” escreveu uma peça de 80 minutos que teria dado um respeitável piloto de TV em rede algumas décadas atrás. Essa comédia encharcada, intitulada “Brooklyn Laundry”, teve sua estreia mundial na quarta-feira no New York City Center Stage do MTC.

Há um encontro fofo entre o proprietário da lavanderia Owen (David Zayas) e Fran (Cecília Forte), um cliente cuja lavanderia seu estabelecimento perdeu há vários meses. Isso não faz sentido. Quem volta a uma lavanderia para lavar suas roupas quando o local já tem histórico de perda de roupas?

Pior ainda, Owen imediatamente diz a Fran que ela está “triste”, o que é um eufemismo. Essa provocação incomum termina com ele a convidando para sair, o que, ainda mais inacreditável, ela aceita. Talvez Fran só queira provar que não está triste.

Antes daquele jantar, em que as duas largam cogumelos e conversam sobre a iluminação espetacular que emana da churrasqueira aberta – é esse tipo de restaurante – Fran visita sua irmã moribunda, Trish (Florencia Lozano), e elas relembram como eles se divertiam muito quando crianças jogando cartas com a mãe, agora um fantasma vagando pela casa móvel. Pelo menos Trish acha que mamãe continua à espreita. Trish se lembra de ter se divertido muito naquela época, mas é discutível o quanto Fran realmente gostou de sua infância, sem falar de sua idade adulta. Digamos apenas que ela continua sombria.

Há outra irmã, Susie (Andrea Syglowski), que, como Trish, se casou com um canalha. Esse é o grande problema de todas as mulheres desta família, incluindo a falecida mãe de Fran: elas têm um gosto horrível para homens. E isso sem falar na forma como decoram suas casas (cenografia de Santo Loquasto).

Fran também tem um problema crônico com o homem, porque fica totalmente presa a Owen depois de apenas uma relação sexual. Deve ter sido uma sessão e tanto, porque Owen fica obcecado por Fran após o mesmo ato sexual. Esses personagens são escolhidos como personagens de meia-idade, mas soam e agem como adolescentes hormonais e, mesmo assim, quem gostaria de passar 80 minutos assistindo-os?

Entre muita roupa lavada, há muita conversa e consternação sobre os três filhos das duas irmãs. Não quero ser um spoiler, mas se a rede não optar por “Brooklyn Laundry”, sempre haverá “Full House”, se esse título ainda não tiver sido escolhido.

Shanley dirige sua própria peça.

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