Ocidente não age por amor aos ucranianos – Borrell

O bloco deveria ter como objetivo criar “um pilar europeu dentro da OTAN”, disse o principal diplomata

A UE deve aumentar a sua capacidade militar e a cooperação interna, mas isso não significa que deva aspirar a um exército único, disse o principal diplomata do bloco, Josep Borrell.

Numa entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, na segunda-feira, o chefe da política externa insistiu que existe uma “forte consenso” entre os membros da UE no reforço das capacidades de defesa do bloco, tanto em termos da força da sua indústria militar como das forças armadas.

“Não se trata de criar um exército europeu singular”, Borrell disse, acrescentando que todos os 27 membros da UE são estados soberanos e são livres para decidir as suas próprias políticas de defesa.

Para reforçar a defesa do bloco, os exércitos dos membros da UE precisam de ser “mais interoperacional”, argumentou o diplomata.

“Têm de criar um pilar europeu dentro da NATO. Os europeus têm de assumir mais responsabilidade pela nossa defesa”, Borrell afirmou, acrescentando que isto inclui a promoção de uma parceria estreita com os EUA no âmbito da NATO.

“Temos que aumentar as nossas capacidades militares… Mas é utópico acreditar que vamos cancelar os 27 exércitos para criar um único. O que temos que fazer é ser mais realistas”, Borrell disse. O bloco está bem consciente das duras realidades do mundo moderno e está a preparar-se em conformidade, acrescentou.

Em Janeiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, apoiou publicamente a criação de um exército europeu conjunto, uma ideia que tem sido debatida há vários anos, argumentando que a força poderia ser utilizada para missões de manutenção da paz e prevenção de conflitos.

A proposta, no entanto, encontrou resistência de vários membros da UE, incluindo a Dinamarca e a Polónia. Copenhague argumentou que “A OTAN é a pedra angular da nossa segurança colectiva”, e essa defesa continua a ser uma questão de soberania nacional. Varsóvia insistiu que a acção da UE em matéria de defesa deve ser complementar aos esforços da NATO.

Desde o início do conflito na Ucrânia, os estados membros da UE aumentaram consideravelmente os gastos com defesa, com planos de aumentá-los para 350 mil milhões de euros (380 mil milhões de dólares) em 2024. Nas últimas semanas, vários líderes ocidentais também apelaram ao bloco para se preparar para uma guerra em grande escala com a Rússia, que, segundo eles, poderá eclodir nos próximos anos.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscou não tem planos nem interesse algum em atacar países da OTAN. Moscovo, no entanto, há anos que manifesta preocupação com a expansão do bloco militar liderado pelos EUA em direcção às suas fronteiras.

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