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Sempre gregário, o Sardina pilchardus é a espécie de sardinha que migra ao longo da costa atlântica, em profundidades que chegam aos 100 metros e, portanto, é um peixe pelágico: não nada perto do fundo nem perto da costa.

Os cardumes por onde se movimenta podem atingir 100 metros quadrados e pesar 10 toneladas, produzindo reflexos prateados, confundindo golfinhos, peixes grandes, como o atum, e aves marinhas, seus predadores. As sardinhas são um passo importante na cadeia alimentar marinha – tal como têm sustentado as comunidades piscatórias na costa portuguesa durante décadas. A sobrepesca é a sua maior ameaça: esta espécie tem estatuto de conservação “quase ameaçado” NT


HÁBITOS NOTURNOS

Durante o dia, as sardinhas ficam em cardumes no fundo do mar para se esconderem dos predadores. À noite, nadam até à superfície para se alimentarem exclusivamente de plâncton, um grupo de pequenos organismos, do reino vegetal ou animal, sem capacidade de nadar contra as correntes marítimas.

UM ANO NA VIDA DE UMA SARDINHA


ONDE E QUANTO VOCÊ PESCA?

Do Norte de África ao Norte da Europa eles pescam Sardina pilchardus. Em Portugal, a sardinha, tal como outros peixes pelágicos, é capturada principalmente através da pesca com rede de cerco: apenas 2% das sardinhas portuguesas são capturadas com artes tradicionais que caíram em desuso, como a arte Xávega.

Pesca com bolsa

O gosto nacional e da indústria pela sardinha levou a anos maus para ações nas águas ibéricas, entre 2006 e 2017. Os governos de Portugal e Espanha investiram na investigação científica e em quotas de pesca que permitem cumprir os padrões de sustentabilidade da União Europeia, desde 2021. Atualmente, a pesca da sardinha nas águas ibéricas é gerida entre Portugal e Espanha, com períodos de pesca anuais e quotas definidas. Portugal mantém uma maior percentagem do total ibérico.

Capturas de sardinha permitidas na colheita de 2024

Em toneladas

Sardinhas pescadas em 2022 em Portugal, em toneladas

SARDINHAS BATIZADAS À MESA

A tradição de consumo de sardinha em Portugal remonta pelo menos ao Império Romano. Os tanques de produção de longo, fermentado a partir de peixe, presente em diversas regiões do Algarve, em Tróia ou Angeiras (Matosinhos), comprovam-no. Com o gosto das elites por peixes grandes durante séculos, a sardinha foi deixada para as classes trabalhadoras e assim nasceram ditados como “na sua casa não tem sardinha e na de outro pede frango” ou “come sardinha e arrote pescada”. Em todo o país, a criatividade das cozinhas de subsistência e o uso da linguagem deram-lhe nomes curiosos.

Sardinhas seladas

Tal como a sela que é colocada no dorso do burro, a sardinha selada tem a sua protecção. É o nome dado no Sul à sardinha frita em massa. Primeiro são limpos, decapitados e submetidos a uma fritura inicial. Para o próximo passo, você precisa de habilidade: amasse levemente e puxe a espinha central pela cauda. Por fim, o lombo fechado é batido e frito novamente. No Norte, existe outro nome curioso para a sardinha frita: costeletas de sardinha. Os maiores, depois de subirem e retirarem a espinha central e a cabeça, são empanados e fritos.

Sardinhas grelhadas

Sem cabeça nem vísceras e deixada em sal durante dois ou três dias: este é o método típico de Setúbal para conservar e consumir a sardinha. Permitiu preservar a abundância de sardinha no final do verão para consumo no inverno, quando as condições do mar dificultavam a pesca. É portanto um prato tradicional de São Martinho: depois de demolhado é grelhado ou cozido.

Sardinhas com casca

Entre os rios Douro e Minho, a sardinha assada no eguiço já teve fama de ser a mais saborosa e ainda mais digerível. Será, sem dúvida, o que mais chama a atenção: sobre uma pedra, na rua ou na lareira, faz-se uma cama de caruma seca para colocar as sardinhas, bem temperadas com sal grosso. Cubra com mais agulhas de pinheiro e acenda o fogo. No final, as sardinhas ficam pretas por fora e suculentas por dentro.

Sardinha rosada

A salga e a secagem do peixe permitiram que a serra algarvia, tão próxima e tão distante da costa ainda em meados do século XX, consumisse peixe. Retiradas a cabeça e as vísceras, salgavam-se as sardinhas (e outros peixes pequenos, como a cavala ou o carapau); depois secavam em local com algum ar, ora ao sol, ora à sombra. Nas semanas em que a peixaria se atrasava ou nos invernos rigorosos, as sardinhas coloridas eram grelhadas.



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