França

A medida ocorre num momento em que o presidente Emmanuel Macron procura uma aliança contra a extrema direita francesa antes das próximas eleições.

O conservador Partido Republicano da França diz que demitiu o líder Eric Ciotti por tentar firmar uma aliança eleitoral com o Rally Nacional (RN), de extrema direita, de Marine Le Pen, embora ele tenha insistido que ainda estava no cargo.

O comitê político dos republicanos votou por unanimidade pela destituição de Ciotti, disse a deputada Annie Genevard na quarta-feira, acrescentando que o partido “apresentará candidatos ao público francês com clareza e independência” em eleições antecipadas convocadas pelo presidente Emmanuel Macron para 30 de junho e julho. 7.

“Eu sou e continuo a ser o presidente” do partido, retrucou Ciotti numa publicação no X, qualificando a decisão do comité de “uma flagrante violação dos nossos estatutos”, que era ilegal e nula.

Uma revolta em massa eclodiu entre os pesos pesados ​​republicanos depois que Ciotti anunciou seu acordo com o RN na TV na terça-feira.

Ele fechou a sede do partido perto da Câmara Baixa da Assembleia Nacional durante o dia de quarta-feira, depois que o comitê político convocou uma reunião de emergência, dizendo que “nunca houve qualquer reunião planejada na sede para esta tarde”.

Ciotti afirmou que a mudança foi para a segurança dos funcionários “após receber ameaças”.

O político de Nice, no sudeste da França, “deixou de ser presidente desde o momento em que tomou esta decisão insana” de anunciar uma aliança com o RN, disse o legislador Aurelien Pradie anteriormente à emissora France 2.

Há muito um “partido do governo” que leva presidentes como Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac ao poder, os republicanos estão espremidos entre os centristas do presidente Emmanuel Macron e a extrema direita desde 2017.

Os líderes têm lutado para traçar um rumo independente, por vezes aliando-se ao governo minoritário de Macron para aprovar leis importantes e, outras vezes, ameaçando moções de censura.

Macron defende eleições antecipadas

Depois de Macron ter anunciado no domingo eleições antecipadas na sequência da sua própria derrota nas eleições europeias, Ciotti declarou na terça-feira que tinha feito um acordo eleitoral com o RN – apanhando grande parte do seu próprio partido de surpresa.

“Na política, a resposta não são acordos de coligação, mas sim pequenos pactos feitos à porta fechada para garantir círculos eleitorais”, disse Laurent Wauquiez, presidente republicano da região de Auvergne-Ródano-Alpes.

“Tentamos convencer as pessoas, mas podemos não conseguir convencer as pessoas. Mas fazemos isso com clareza e coragem”, acrescentou. “Os republicanos têm de comunicar as suas ideias de forma simples mas clara nesta batalha legislativa.”

Annie Genevard, secretária-geral do partido conservador francês Les Republicains, conversa ao lado de Bruno Retailleau, Michele Tabarot e Laurent Wauqiez durante entrevista coletiva após reunião de emergência convocada pelos chefes do partido LR em Paris (Sarah Meyssonnier/Reuters)

Entretanto, Macron defendeu na quarta-feira a sua decisão de convocar a votação antecipada no que equivaleu a um discurso de campanha, e instou os partidos de ambos os lados do centro político juntar-se a ele na batalha contra a extrema direita.

Macron, que descartou a possibilidade de abandonar se a sua aliança no poder perder, apelou aos “nossos compatriotas e líderes políticos que não se reconhecem na febre extremista” para “construírem um novo projecto… uma coligação para governar”.

Macron convocou as eleições para domingo, depois que o anti-imigração, o eurocético RN, saiu vencedor na votação para o Parlamento Europeu.

Espera-se que o RN obtenha 31 por cento dos votos no primeiro turno da votação nacional em 30 de junho, enquanto uma aliança de esquerda obteria 28 por cento, mostrou uma pesquisa da Elabe na quarta-feira.

A participação de Macron é vista como uma conquista de 18 por cento.

Comentaristas políticos dizem que a batalha entre a extrema direita e a esquerda determinará quem sairá vencedor nas eleições legislativas, que serão decididas no segundo turno, em 7 de julho.



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