A Rússia estava pronta para se retirar do sul da Ucrânia – Putin

O presidente russo disse que Moscovo abriria negociações assim que Kiev retirasse as suas tropas de Donbass e de duas outras regiões.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, rejeitou a nova proposta do presidente russo, Vladimir Putin, para alcançar uma paz duradoura entre Moscovo e Kiev, classificando a abertura como uma manobra para distrair a comunidade global da “cimeira de paz” da Ucrânia, organizada pela Suíça.

Falando aos principais diplomatas do país na sexta-feira, Putin sinalizou que a Rússia “ordenará um cessar-fogo e iniciará negociações” assim que Kiev retirar completamente as suas tropas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, das regiões de Kherson e Zaporozhye.

As quatro regiões votaram esmagadoramente pela adesão à Rússia em referendos no outono de 2022. Nem o Ocidente nem Kiev reconheceram os votos.

Outras condições para uma paz duradoura, segundo Putin, incluem o estatuto neutro da Ucrânia, o compromisso de não procurar adquirir armas nucleares, desmilitarização e “desnazificação”, e respeito pelos direitos da população de língua russa. Todos estes pontos devem ser fundamentalmente reconhecidos a nível internacional, seguido pela remoção das sanções ocidentais contra a Rússia, disse o presidente.

No entanto, numa entrevista à emissora ZDF à margem da cimeira do G7 em Itália, no sábado, Scholz afirmou que “todo mundo sabe que não é uma proposta séria”, sugerindo que “Tem algo a ver com a conferência de paz que está a decorrer na Suíça.” Ele também afirmou que a iniciativa revelou que Putin estava atrás de “a conquista clássica e realista de terras.”

Em comentários semelhantes, a proposta foi rejeitada pelo ucraniano Vladimir Zelensky, que a rotulou “nada diferente de outros ultimatos que ele fez antes.” O Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, também afirmou que “esta não é uma proposta feita de boa fé”, acrescentando que exigiria que Kiev “desistir de significativamente mais terras” do que a Rússia controla atualmente.

A nova abertura de paz de Putin surge antes da conferência sobre a Ucrânia, organizada pela Suíça, neste fim de semana. Espera-se que o evento gire em torno da “fórmula de paz” de dez pontos de Zelensky, que exige que a Rússia, entre outras coisas, se retire de todos os territórios reivindicados por Kiev. Moscovo rejeitou a iniciativa por considerá-la desligada da realidade.

Segundo Zelensky, a “cimeira de paz” centrar-se-á apenas em três pontos do plano de Kiev: trocas de prisioneiros e segurança nuclear e alimentar. Putin considerou a conferência um truque ocidental para criar a ilusão de uma coligação global anti-Rússia, desviar a atenção das raízes do conflito e reforçar a reivindicação de legitimidade de Zelensky depois do seu mandato presidencial ter expirado no mês passado.

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