Brincalhões russos divulgam videochamada falsa com David Cameron do Reino Unido sobre a Ucrânia

Na ligação, David Cameron é mostrado falando ao celular vestido casualmente em algum lugar externo.

Londres:

Brincalhões russos que muitas vezes têm como alvo pessoas nas quais o Estado russo está interessado divulgaram imagens na quarta-feira de uma videochamada com o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, depois de induzi-lo a pensar que estava falando com um ex-presidente ucraniano.

O Ministério das Relações Exteriores de Londres disse no início deste mês que Cameron realizou uma videochamada com alguém que se dizia ser o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko antes de perceber que era vítima de uma farsa.

A ligação, que parece ter durado cerca de 15 minutos e na qual Cameron é mostrado falando ao celular vestido casualmente em algum lugar do lado de fora, foi realizada por brincalhões russos que usam os pseudônimos “Vovan e Lexus”.

A dupla é bem conhecida na Rússia por ter enganado uma série de políticos ocidentais ao longo dos anos, incluindo a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e, em 2022, o então ministro da Defesa britânico Ben Wallace.

O Ministério das Relações Exteriores disse na quarta-feira que a ligação parecia uma operação de informação russa destinada a desviar a atenção da guerra de Moscou na Ucrânia. Não respondeu a uma pergunta sobre a autenticidade do vídeo.

Vovan e Lexus negaram no passado as acusações ocidentais de que teriam ligações com os serviços de inteligência da Rússia, embora muitas vezes façam perguntas às suas vítimas que seriam de interesse para o Estado russo.

No vídeo de quarta-feira, cuja autenticidade a Reuters não pôde verificar de forma independente, Cameron é visto e ouvido falando sobre temas delicados relacionados à Ucrânia.

LOBBY TRUMP

Em particular, ele é ouvido a falar sobre um jantar privado que teve com o candidato presidencial dos EUA, Donald Trump, em Abril, durante o qual pressionou Trump para permitir que os republicanos votassem a favor da ajuda militar dos EUA à Ucrânia.

Ouve-se Cameron dizer que o Partido Republicano está dividido em relação à Ucrânia e que disse a Trump que estava errado se pensava que Putin só queria a Crimeia e o Donbass, duas das cinco regiões ucranianas que Moscovo diz agora fazerem parte da Rússia.

O Washington Post noticiou em Abril que Trump tinha falado em privado sobre a opção de permitir que Putin mantivesse a Crimeia e o Donbass em troca da paz, algo que a campanha de Trump não confirmou.

Ouve-se Cameron dizer que tal ideia é falha.

“Trump está convencido de que há um acordo a ser feito e esse não é o caso porque Putin quer muito mais”, diz Cameron, acrescentando que pensa que Trump, se ganhar a presidência, apoiará o lado vencedor no campo de batalha e é por isso que a luta deste verão é muito importante.

Cameron também disse que a Ucrânia não será convidada a aderir à aliança militar da OTAN numa cimeira no próximo mês porque Washington se opõe à ideia. Cameron também diz que não considera que um potencial plano francês de enviar tropas para a Ucrânia seja a abordagem correcta porque elas se tornariam um alvo para Putin.

Em outro segmento, ele é ouvido relatando uma conversa com o ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão, que ele disse ter lhe contado que a nação da Ásia Central temia que a Rússia “quisesse uma fatia” do norte do Cazaquistão, onde vivem muitos russos étnicos.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha disse em comunicado:

“…Tornámos público o facto de esta chamada ter acontecido há semanas, para fazer a coisa certa e garantir que outros fossem avisados ​​do risco na primeira oportunidade. O Ministro dos Negócios Estrangeiros entendeu que se tratava de uma chamada privada com um político ucraniano.

“Isto é claramente russo e é uma prática padrão para operações de informação. A desinformação é uma tática que vem diretamente do manual do Kremlin para tentar desviar a atenção das suas atividades ilegais na Ucrânia e dos abusos dos direitos humanos que aí são cometidos.”

A Rússia nega ter cometido crimes de guerra na Ucrânia.

(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)

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