Livros que atravessam o Atlântico 5

Clube Encontro • Julho

A palavra restante.
Stênio Gardel.
Companhia das Letras • 166 pp • R$ 59,90
Dom Quixote • pp • € 16,60

O escritor brasileiro Stênio Gardel é o convidado do próximo Encontro de Leitura, do Clube de Leitura PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um em torno de livros publicados em ambos os lados do Atlântico.

No encontro do dia 9 de julho, escritor cearense falará sobre o romance A palavra restantelançado no Brasil em 2021 pela Companhia das Letras e este mês em Portugal pela Dom Quixote.

Em 2023, este primeiro fez de Stênio Gardel e de sua tradutora Bruna Dantas Lobato os primeiros brasileiros a receber o National Book Award, o mais importante prêmio literário dos Estados Unidos.. A história de Raimundo, um homem analfabeto que aprende a ler motivado por uma carta de amor, ganhou o prêmio na categoria Literatura Traduzida, na qual concorreram romancistas experientes como Pilar Quintana, David Diop, Mohamed Mbougar Sarr e Fernanda Melchor.

“Estar lá e receber o prêmio é uma conquista que nos deixa tontos, ainda mais para mim e para a Bruna, que somos do Ceará e do Rio Grande do Norte. É uma grande conquista”, disse Gardel, depois de ganhar o prêmio, Quatro Cinco Um. “Esta vitória fica (na história) através da minha própria presença como autor homossexual. Que o livro inspire outras crianças, adultos e idosos a persistirem.”

O Encontro de Leitura é aberto a todos que queiram participar. O ID é 821 5605 8496 e a senha de acesso é 719623. Participe da reunião Zoom usando link.

Viagem: 9 de julho, terça-feira
Hora: às 22h em Portugal (18h no Brasil)

Evento online gratuito, via Zoom
(Acima, escritor Stênio Gardel fotografado por Renato Parada/Divulgação)

Arquivo

Acompanhe as Reuniões de Leitura

PÚBLICO lançou portal com todas as reuniões do clube, que até janeiro teve o Folha de S.Paulo como parceiro brasileiro. As conversas são gravadas, editadas e publicadas como podcast. Em breve publicaremos a sessão com José Henrique Bortoluci.

Literatura infantil e juvenil

Stênio Gardel lançou livro infantil no Brasil
Estreia do escritor na literatura infantil, cordel ilustrado é uma canção de permanência na memória — individual e coletiva

Stênio Gardel não lembra exatamente quando percebeu que eles apareceram penas pretas nas palavras de seu avô, Francisco Fidelis Maia, conhecido como Vovô Cacá. Talvez eles estivessem ali desde sempre, sem muita explicação. Até agora.

Nelson Cruz tinha doze anos quando conheceu Graúna, personagem criada pelo cartunista brasileiro Henfil (1944-88); Ele tinha acabado de abandonar a escola, por profunda timidez e por não conseguir lidar com o fato de a Polícia Militar torturar estudantes —era a época da ditadura.

Os dois personagens estão no recém-lançado Tempo Vento Bento, embora apenas um deles apareça, escovado nas páginas como um achado para olhares atentos. Inspirada no avô paterno de Gardel, falecido em 2010, a obra recupera memórias do escritor e ilustrador repletas de histórias íntimas, mas também coletivas.

Leia na íntegra Crítica de Renata Penzani
(Ilustração de Nelson Cruz. Divulgação)

Prêmio literário

Adélia Prado ganhou o Prémio Camões 2024
Autor de Bagagem e O coração aceleradoMineira de 88 anos, é reconhecida por sua contribuição à literatura e à cultura em língua portuguesa

A escritora e poetisa Adélia Prado é a vencedora do Prémio Camões 2024, o mais importante prémio literário de língua portuguesa. O vencedor foi anunciado esta quarta-feira após a reunião do júri. Na semana passada, a mineira de 88 anos havia recebido o Prêmio Machado de Assis pela carreira, concedido pela Academia Brasileiras de Letras (ABL).

Poeta mineira Adélia Prado (Divulgação)

Criado em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Camões é atribuído anualmente a um autor que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. Concedido pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura, e pelo Governo de Portugal, o valor do prémio é de 100 mil euros.
“O júri do mais célebre prémio literário de língua portuguesa reuniu-se esta quarta-feira e decidiu atribuir-lhe um nome incontornável da poesia brasileira contemporânea”, escrevem Isabel Coutinho e Isabel Lucas no PÚBLICO.

Análise

Mistério e esplendor na Ginga quibuca
José Eduardo Agualusa revisita a corte da rainha que quase expulsou os portugueses de Angola no século XVII

À medida que subíamos, em direcção ao Convento de São José, juntavam-se pessoas, entre escravos e criados, soldados e marinheiros, brancos, negros e mulatos, portugueses e flamengos (…). Os escravos já saltavam, eufóricos, quando vi surgir a luz das primeiras tochas e, logo em seguida, a grande liteira onde seguia Ginga, em talha dourada, coberta por uma cortina de veludo verde que a protegia de olhares curiosos.

Este trecho aparece perto do final do Rainha Ginga, mas a excitação da população de Luanda ao ver a quibuca (caravana) do soberano é partilhada pelo leitor desde o início do romance de José Eduardo Agualusa. Apesar de dar nome ao livro, Ginga quase não aparece na narrativa. É como se a cortina de veludo verde preservasse a aura de lenda da mulher que reinou sobre os territórios que constituem a actual Angola, fechando acordos políticos com sagacidade ímpar e desafiando treze governadores portugueses entre 1622 e 1663. O livro é publicado em Portugal pela editora Quetzal.
Leia na íntegra a recensão de Guilherme MagalhãesQuatro Cinco Um e Rui Lagartinho privado
(Escritor José Eduardo Agualusa. Lara Longle/Reprodução)

(Paisagem do litoral carioca na exposição Furo, 2018. Fotografia de Jordi Burch, 2021)

Memórias | Ondjaki

manobras de apaziguamento
Tive medo, a certa altura, de admitir que estava ‘vendo e sentindo’ as coisas do mundo de uma forma que só poderia fluir para a escritaque dias foram aqueles e que nomes poderia dar a esses desconfortos da adolescência que me invadiam a garganta ou o peito como os tentáculos de um polvo, escorregadio e invisível, que às vezes pintava meus olhos com cores de dentro para que eu pudesse ver um mundo lindo

Agora minha respiração e o amanhecer me assombraram

com pensamentos e sensações cuja digestão exigiu anos de lágrimas, segredos e aprendizados que a própria imaginação remeteria à ficção de falar e escrever…?

Leia na íntegra Coluna de Ondjaki em Quatro Cinco Um

A Feira do Livro de 2024 no Brasil

Rui Tavares é um dos destaques do evento literário em São Paulo.
O historiador português participa de duas das mesas desta edição de A Feira do Livro, que começa no sábado, 29 de junho, na Praça Charles Miller, em frente à Arena Mercado Livre-Pacaembu.

Em 2024, o festival literário de São Paulo A Feira do Livro chega à sua terceira e maior edição: serão mais dias, mais autores e mais palcos, além de outras novidades como debates especiais sobre educação.

A Feira do Livro 2023 (Gabriel Cabral/Divulgação)

A realização é Associação Quatro Cinco Umuma organização sem fins lucrativos dedicada à divulgação do livro no Brasil, desde Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e o Ministério da Cultura do Brasil, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A programação inclui mais de 150 eventos relacionados à literatura, artes e pensamento, convidados brasileiros e internacionais participam de debates no Palco da Praça e no Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, em São Paulo.

Entre os autores convidados está o historiador e político português Rui Tavares. Seus livros O Pequeno Livro do Grande Terremotosobre a catástrofe que assolou Lisboa em 1755, e Esquerda e direita: guia histórico para o século XXItem edições brasileiras publicadas pela Tinta da China Brasilselo editorial de Associação Quatro Cinco Um, que está lançando uma edição especial e limitada de Agora, agora e mais agora (Pode comprá-lo na loja PÚBLICO), baseado em livro não famoso podcast por Tavares em PÚBLICO.

Este sábado, dia 29, Rui Tavares estará à mesa intitulada “Esquerda e direta sem extremos”. Ele e o cientista político Sergio Fausto discutem o que significam hoje os conceitos históricos de direita e esquerda, em uma conversa sobre o futuro das ideias e da política. A mediação é de Camila Rocha.

E no domingo, dia 30, o historiador, ensaísta e podcaster apresenta o seu tão aguardado livro, que narra um milénio de histórias, desde o antigo mundo árabe até à Europa do século XXI. A mediação é de Sofia Nestrovski.

Veja a programação completa da Feira do Livro 2024

Em Montras e Vitrines — Livros que cruzaram o Atlântico

Agora, agora e mais agora: seis memórias do último milênio. Rui Tavares.

Livro baseado em podcast conduzida pelo historiador português no PÚBLICO. Nos vários capítulos, Tavares discute fanatismo, polarização, globalização, direitos humanos e ódio. A edição brasileira vem em papel bíblico, com ilustrações e detalhes holográficos na capa, em edição limitada.
Tinta-da-China Brasil • 536 pp • R$ 249,90
Tinta da China/ PÚBLICO • 664 pp (coleção com sete volumes) • 50€

Não há pássaros aqui. Victor Vidal

Vencedor do Prêmio Leya em 2023, o romance do escritor e historiador carioca traça uma espécie de análise psicológica moderna. Vidal mistura memórias da infância da protagonista Ana, com a deterioração de suas relações familiares, principalmente com a própria mãe, uma mulher afetada pela violência cotidiana, além do abuso de álcool e doenças mentais. A cerimónia de entrega do Prémio LeYa 2023 a Victor Vidal, com a participação de Stênio Gardel, terá lugar na quarta-feira, 3 de julho, pelas 18h30, na Residência Oficial do Embaixador do Brasil em Lisboa.
Lea • 248 pp • €16,60

Discursos anticoloniais. Amílcar Cabral.

Comemorando o centenário do engenheiro agrónomo, político e teórico marxista guineense, a coleção reúne discursos do líder da luta de libertação do regime colonial português, assassinado em 1973 após defender a bandeira do pan-africanismo socialista. Inclui textos de estudiosos sobre seu trabalho e sua contribuição para a organização política e revolucionária.
Expressão Popular • 288 pp • R$ 65

Ninguém matou Suhura. Lília Momplé.

O primeiro livro da escritora moçambicana publicado no Brasil, premiado com o Caine para Escritores de África, constrói uma coleção de contos que testemunham a história recente do seu país natal, desde o colonialismo português ao longo do século XX, até às consequências socioeconómicas da vida cotidiana atual.
Ou. Òkun • Funilaria • 144 pp • R$ 55

Ípsilon chega às bancas nesta sexta-feira

Entrevista com os mais Prêmio Booker recente; a história do “hermafrodita” Maria Durán contada pelo historiador François Soyer; entrevista Isabel Rio Novo por causa da biografia de Camões e do livro de fotografia por Todd Hido. E a resenha do livro Gabo e Mercedes – Uma despedida.

E em Leituras você pode descobrir quais são as novidades que chegou às livrarias.

Vejo voce na proxima semana.

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