O que é um bom líder?

Esta semana falou-se muito sobre liderança. No Reino Unido, Kier Starmer, do Partido Trabalhista, obteve uma vitória esmagadora. Em França, a “barreira republicana” funcionou e a esquerda venceu a segunda volta das eleições legislativas – embora ainda sem nome para candidato a primeiro-ministro. Nos EUA, a discussão gira em torno de dois nomes, mas com as mesmas questões: Joe Biden e Donald Trump são capazes de governar?

A questão clara é uma só: precisamos de líderes, seja na política, nas empresas, na academia, na vida. Mas como você “faz” um líder? E, o mais importante, como “ele faz” um bom líder?

“Um líder tem duas características importantes. A primeira é que ele vai a algum lugar. A segunda é que ele é capaz de persuadir outras pessoas a irem com ele”: a frase é atribuída a um político, o ex-presidente dos EUA Harry S. Truman. Apareceu no meio de um artigo de opinião de Washington Post sobre liderança – e achei que serviu de bom resumo para a ideia deste texto.

O texto de Garrett M. Graff, autor do artigo, parte de um princípio: grandes líderes são escassos. Ele falou com Nels Olson (que ele hesita em descrever como um mero Caçador de cabeças), para pintar o retrato de um bom líder. Foi isso que nos trouxe: “Tem que haver um certo grau de abertura, de humildade. É preciso estar disposto a compreender e não ter uma personalidade exagerada. Todo CEO de sucesso que conheci não perde a cabeça quando um questão específica não é: está indo bem – eles sabem como se autorregular.”

Isso é estudado. Em 2019 escrevi sobre um estudo coordenado pela Universidade de Coimbra que nos dizia que o chefe ideal para os portugueses era “compreensivo”, “respeitoso”, “líder”, “justo” e “amigável”, características que valorizam mais do que competência – parece uma repetição dos parágrafos anteriores?

Nuno Rebelo dos Santos é investigador da Universidade de Évora e é um dos autores deste estudo. Quase cinco anos depois, deixou para trás o “chefe ideal”, mas continua a estudar modelos de liderança, focando-se na liderança positiva e virtuosa e no seu lado negro – a liderança tóxica e abusiva.

Um líder virtuoso é aquele que está “mais focado no relacionamento com os colaboradores”, que “informa, orienta, apoia emocionalmente, promove a participação nas decisões e dá o exemplo”, explica. Mas também é verdade quando lidera com foco no “impacto social” da sua ação, agindo com “grande sentido de justiça e ética”. Ou ainda quando se busca que o “exercício da liderança esteja alinhado ao bem-estar e ao desenvolvimento do sistema” onde a empresa atua. Ou seja: “Olho para a atividade da minha organização e exerço a minha liderança tendo em conta o impacto da minha equipa na sociedade, no ambiente, nos indivíduos que são afetados pela minha ação”, resume a investigadora.

As características de um líder ruim (ou tóxico) são mais fáceis de enumerar. Aqui estão eles:

  • Alto egocentrismo: “Uma certa vaidade pessoal, um certo narcisismo, a ponto de se tornar disfuncional”;
  • Ele acusa os outros de “suas próprias falhas”: “Um chefe tóxico é muitas vezes capaz de humilhar seu funcionário, mesmo em público”;
  • Apropriação dos méritos alheios – por exemplo, dizer que o trabalho que não fez é seu;
  • Ele usa os relacionamentos para impulsionar sua própria carreira de uma forma “muitas vezes desrespeitosa”;
  • Variações de humor “que criam tensão”: “Às vezes há até indicadores”, explica. “Por exemplo, quando o clube de futebol perdeu e você já sabe que todo mundo vai ser rude.”

“O chefe tóxico é sempre alguém emocionalmente imaturo”, explica Nuno Rebelo dos Santos. A boa notícia é que isto pode ser mudado; O ruim é que ninguém faz isso graças a você, você tem que querer.

E a isto acrescenta-se outro problema: os líderes tóxicos podem ser “eficientes e produtivos” de acordo com métricas financeiras, o que explica porque não são imediatamente removidos, mesmo quando “causam danos substanciais à organização como um todo, especialmente no médio e longo prazo”.

O perigo são as vítimas que fazem ao longo do caminho, as pessoas que se tornam “prisioneiros emocionais do seu chefe tóxico” e que continuam a “sofrer, muitas vezes com doenças psicossomáticas que surgem do ambiente de trabalho”. A qualidade da gestão é um dos principais motivadores que “levam as pessoas a sair” de uma empresa.

Na perspetiva do investigador, há cada vez mais “empresas conscientes e preocupadas” com a gestão e “aumentaram as que querem seguir um caminho virtuoso”. Mas também há quem consiga “prosperar fazendo mau trabalho e servindo mal, mesmo com bons resultados financeiros”.

Precisamos desesperadamente de mais líderes do primeiro grupo, os virtuosos, aqueles que querem inspirar – e não é apenas nas empresas.


Trabalho extra

Jovens e duplo emprego

Um quinto dos jovens em Portugal tem dois empregos: esta é uma das conclusões do livro Os Jovens e o Trabalho em Portugal – Desigualdades, (Des)Proteção e Futuro, publicado esta quinta-feira. Mariana Durães conversou com Renato Miguel do Carmo, professor e investigador do Iscte e um dos autores do estudo, que concluiu que “os jovens com pais com níveis de escolaridade mais elevados desde o início têm mais vantagens”, desde o “trajeto educativo” à “inserção no mercado de trabalho”. Desigualdades que duram para sempre.

Dicas de produtividade para pessoas preguiçosas

Joel Snape, que assina este artigo de Guardião, começa sem hesitação: “Sou um homem preguiçoso”. “O problema é que tenho muitas coisas para fazer”, continua ele, e por isso deixa 11 conselhos à prova de besteiras que usa para ser produtivo. Alguns são tão simples como “apontar tudo”. Outros são mais inovadores, como “colocar um elástico no celular” (para não usá-lo quando precisar se concentrar).

Aplicativos para o verão

Já estamos todos pensando a mesma coisa. Isabel Rubio, de O paísfiz uma lista de aplicativos essenciais para o verão — desde o Sun Smart, que indica quando devemos evitar a exposição solar, até à lupa que nos mostra se aplicámos corretamente o protetor solar. Tudo para evitar queimaduras.

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