Cenas de arte furiosa na PhotoEspaña.  Entrevistas com T-Rex, Rui Cardoso Martins e Stênio Gardel

É a periferia entrando no centro, com ruídos, incompreensíveis a muitos olhos. Numa das exposições mais fortes da PhotoEspaña 2024, o fotógrafo Luna Ribeira mergulhe nas cenas de exercícios e armadilhas nos arredores de três cidades espanholas para ter uma ideia de um mundo em algum lugar entre o frenético e o distópico.

Nas fotografias do galego vemos jovens com o rosto coberto ou a boca coberta de sangue. Vemos, surpresa!, arte sacra (curioso paralelo – serão estes jovens mártires, danos colaterais de um mundo que os deixa para trás ou ao lado?); vemos as cenas de Goya reinventadas num local incerto, num presente incerto, algo distópico, certamente fora do roteiro turístico.

Violência? Sim, mas. “Todo esse universo é muito performático. Tem muita criança nas fotos”, afirma o fotógrafo. “A razão pela qual estes movimentos, gestos e sons são populares é porque a violência está incorporada na estrutura em que vivemos, mas de uma forma diferente – não precisa de haver facas ou armas. um ambiente que é hostil ou violento de outras maneiras, mais estruturais e mais profundas”.

“Quando eu era criança, havia uma estrutura mais concreta contra a qual até podíamos rebelar-nos, mas aqui há uma reação mais distópica; é um fenómeno que tenho dificuldade em compreender e por isso me interessa.”

No dossiê de capa desta edição, Sérgio B. Gomes também uma panorâmica do prestigiado festival de fotografia, centrado em Madrid, e elenco três exposições para não perder.

Curtas Vila do Conde dedica retrospectiva a Bertrand Mandico, com uma dezena de filmes que exploram o seu universo único: barroco, psicotrópico, sensorial, um “protótipo de cinema”. Jorge Mourinha entrevistou o cineasta francês e também lança um olhar (um tanto preocupado) sobre o Calções portuguesas em competição nenhum festival.

Foi o músico mais ouvido em Portugal em 2023, quando lançou Cor da água, o que o consolidou como nome de destaque do rap em português. Do palco principal do Nos Alive, onde atua esta sexta-feira, Tiranossauro Rex lança seu olhar para mais longe. “Todos os sonhos, todos os desejos que marquei no meu bloco de notas estão mesmo a acontecer”, confessa Daniel Benjamim em conversa com Mário Lopes. Rui Gaudêncio fotografado.

Também neste Épsilon:

➺ Entrevistas com escritores Stênio Gardel, Rui Cardoso Martins e Alex Couto (este último ainda está disponível apenas em edição impressa);

➺ O Festival de Almada reúne Lucinda Childs e Robert Wilson sem CCB;

➺ A grande exposição de Yoshitomo Nara no Museu Guggenheim de Bilbao;

➺ Uma retrospectiva dedicada a Ingmar Bergman (ainda disponível apenas em edição impressa);

➺ E comentários: Pascal Quignard, Johnny Cash, Mente Engraçada 2, Astracã 79, Para a dona de casa de Cabo Verde e A última sessão de Freud.

… E não só. Leitura feliz!


Ípsilon no Spotify: nossas escolhas; Leituras: nosso site de livros; Cinecartaz: tudo sobre cinema

Fuente