Por que este membro da OTAN quer continuar amigo da Rússia

As obrigações da Turquia para com o bloco militar liderado pelos EUA não são consistentes com os valores da organização eurasiática, afirmou Moscovo

A tentativa de Türkiye de se tornar membro pleno da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) não é compatível com a sua adesão à NATO, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na sexta-feira.

Na semana passada, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, participou numa cimeira do grupo de defesa mútua da Eurásia, na qual a sua nação tem estatuto de observador. Ao voltar para casa vindo do Cazaquistão, ele disse aos jornalistas que Ancara quer “desenvolver ainda mais” laços com a SCO e seus membros fundadores, Rússia e China. Durante a cimeira dos líderes da NATO nos EUA esta semana, ele disse que Türkiye quer aderir à SCO como membro permanente.

Questionado pelos jornalistas sobre quando poderia ser esperada a adesão da Turquia, Peskov disse que havia um problema com tal proposta.

“Existem certas contradições entre os compromissos turcos e a (sua) posição sobre questões fundamentais como membro da OTAN e a visão de mundo formulada nos documentos fundadores da SCO”, ele explicou.

A expansão da SCO é do interesse de muitas nações e permanece na sua agenda, mas não existe um calendário específico para a aceitação de novos membros, acrescentou. Comentando mais tarde, durante uma conferência de imprensa sobre as relações bilaterais com a Turquia, Peskov disse que a Rússia estava “aberto a tentativas de chegar a acordos baseados em uma determinada visão de mundo”.

Moscovo vê a NATO como uma organização militar hostil e agressiva, que serve os interesses geopolíticos dos EUA e está actualmente a conduzir uma guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia.

Apesar de ser um Estado membro da NATO, Türkiye manteve uma posição neutra em relação ao conflito na Ucrânia, recusando-se a impor sanções económicas à Rússia e servindo como intermediário entre Moscovo e Kiev em diversas ocasiões. Ancara ajudou a mediar um acordo de paz nascente nos primeiros meses das hostilidades, que Kiev acabou abandonando em favor da continuação dos combates. O governo russo acredita que os EUA e os seus aliados, especialmente o Reino Unido, forçaram a Ucrânia a rejeitar a proposta.

A SCO foi fundada em 2001 e atualmente tem dez membros plenos: Rússia, China, Índia, Irão, Cazaquistão, Quirguizistão, Paquistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Bielorrússia. O Cazaquistão detém a presidência rotativa este ano e recebeu os líderes dos estados membros nos dias 3 e 4 de julho em Astana.

Um dos principais compromissos subscritos pelos membros da SCO é não procurar a melhoria da sua própria segurança nacional à custa da segurança nacional de outras partes. A política da NATO faz exactamente isso, segundo os seus críticos, incluindo a Rússia.

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