Dois homens em uma motocicleta passam por grafites que dizem em espanhol:

Alguns críticos apontam a má gestão na indústria do sal como parte da razão da instabilidade económica de La Guajira.

De 1941 a 2002, o governo nacional foi responsável pelas minas de sal, primeiro através do Banco da República e mais tarde através do Instituto de Desenvolvimento Industrial (IFI).

Mas as comunidades indígenas irritaram-se com o controle federal. Eles afirmaram os seus direitos ao território e acabaram por chegar a um acordo com o governo para criar uma nova entidade chamada Salinas Marítimas de Manaure (SAMA).

Foi concebido como uma parceria público-privada. O governo municipal de Manaure detém uma participação de 24% na empresa, enquanto três associações indígenas – a Sumain Ichi, a Waya Wayuu e a Asocharma – administram o restante.

Mas nas duas décadas desde que assumiu o controlo da indústria do sal, a SAMA tem enfrentado críticas por não ter conseguido gerar lucro, mesmo depois de entregar a sua administração a um operador privado, o Big Group.

Motociclistas passam por grafites em frente aos escritórios da SAMA em Manaure que dizem: ‘Grande Grupo, empresa falsa’ (Antonio Cascio/Al Jazeera)

De acordo com uma decisão de 2023 do Tribunal Constitucional, a SAMA tem uma dívida de mais de 5 milhões de dólares. Em 2020, os trabalhadores realizaram uma greve que durou mais de 600 dias para exigir salários não pagos.

Robinson Ramos, presidente do sindicato dos salineiros de Sintrasales, acusou a SAMA de não produzir sal activamente, mas de depender das suas reservas.

“Nos preocupamos todos os dias que a empresa chegue a um ponto que não consiga se sustentar”, disse Ramos. “Isso geraria um grande impacto econômico e social em nosso município.”

Miguel Epieyu, líder Wayuu que faz parte da associação Sumain Ichi, também referiu que a maquinaria utilizada para processar, limpar e transportar o sal está em mau estado. O cais local, por exemplo, desabou.

Ele disse que os problemas começaram quando o governo entregou as salinas à SAMA. Uma parte significativa do maquinário existente não foi atualizada desde 2002.

“Houve um processo de transição em que não foi feita qualquer manutenção nas infraestruturas existentes, incluindo a estação de lavagem e o cais”, explicou Miguel.

“A coisa certa a fazer seria entregar uma indústria ativa, e não um monte de lixo, ruínas e infraestrutura decadente.”

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