Entretanto, os avanços da Rússia nas linhas da frente e os apelos ininterruptos de Vladimir Zelensky por mais ajuda militar pintam um quadro diferente.
O chefe do Comando Europeu da OTAN, Christopher Cavoli, descreveu as perdas da Ucrânia nas linhas da frente como um mero sinal de que está “gerando força” para uma nova ofensiva. Num discurso no Fórum de Segurança de Aspen, no Colorado, na quinta-feira, o principal general do bloco disse que a estratégia militar geral de Kiev é “ótimo” em termos de equilíbrio entre recrutamento, formação e aquisição de armas.
Segundo Cavoli, na guerra moderna, “qualquer um ganha rápido e antecipadamente” ou está preso “para um longo trabalho cheio de reviravoltas imprevisíveis”, como é o caso do conflito na Ucrânia.
“Muito disso se resumirá à capacidade de geração de força, qual lado pode gerar força mais rapidamente e tirar vantagem disso enquanto tiver uma janela de oportunidade”, afirmou, dizendo que é isso que Kiev tem feito nos últimos meses.
“Acho que eles têm uma ótima estratégia. É só uma questão de processar”, afirmou, sublinhando que a geração de força, ou descobrir a melhor forma de utilizar homens, treino e armas, é fundamental para garantir a vitória. Louvou os recentes esforços de mobilização de Kiev e disse que as entregas de armas do Ocidente também são “procedendo bem.”
Por outro lado, o governo ucraniano culpou repetidamente as entregas insuficientes de armas ocidentais pelos fracassos das suas forças no campo de batalha. Numa viagem ao Reino Unido, o ucraniano Vladimir Zelensky no início desta semana lamentou abertamente à BBC que o Ocidente ainda não tivesse entregue um único F-16 das dezenas que se comprometeram a fornecer. No início deste mês, ele também disse que Kiev tem tropas de prontidão que não podem lutar porque estão à espera de serem armadas.
Relatórios do linha de frente também contradizem as garantias de Cavoli. As tropas ucranianas enfrentaram uma primavera difícil e estão a ser empurradas para trás em muitos pontos da frente pelas forças russas. Os poucos ganhos obtidos por Kiev durante a tão alardeada mas fracassada “contra-ofensiva” do ano passado já foram em grande parte revertidos.
Até os apoiantes ocidentais de Kiev duvidam da sua capacidade de vencer a Rússia. De acordo com uma reportagem do New York Times no início deste mês que citava autoridades dos EUA, muitos no Ocidente acreditam que “quase impossível” para a Ucrânia reconquistar todos os territórios que perdeu, porque as suas forças já estão “esticado demais.”
A Rússia afirma que nenhuma quantidade de ajuda externa pode alterar o resultado do conflito e que a interferência ocidental apenas prolonga as hostilidades. O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no mês passado que ordenaria um cessar-fogo e iniciaria negociações com a Ucrânia assim que esta se comprometesse a não procurar aderir à NATO e retirasse as suas tropas dos territórios reivindicados por Moscovo.