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Gigante brasileira, fabricante de aviões, Embraer investirá 90 milhões de euros (R$ 540 milhões) para expandir a OGMA, unidade que controla em Portugal. Os recursos apoiarão a montagem de aeronaves Super Tucano A-29, dentro dos parâmetros definidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A injeção de recursos permitirá à OGMA triplicar sua receita anual nos próximos anos, para 600 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões).

O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, informou que, além da assembleia de Supertucanoa OGMA portuguesa irá também adaptar o avião militar KC-390, o maior cargueiro militar construído no Hemisfério Sul, para os países da NATO. A organização, aliás, já vem realizando exercícios militares com o KC-390 em aeroportos da Alemanha e de outros países europeus.

O executivo não esconde o entusiasmo pelos negócios da Embraer em Portugal. Esteve em Alverca, nos arredores de Lisboa, há duas semanas, para a inauguração do projeto norte-americano Pratt & Whitney, uma unidade de manutenção e centro de serviços global na Europa. A empresa é uma das três maiores fabricantes de motores para aeronaves do mundo.

A associação da Embraer, que detém 65% do capital da OGMA, com a Pratt & Whitney é considerada fundamental para a empresa brasileira, destacou Gomes Neto. Segundo ele, a empresa vive “um momento muito especial, com perspectivas positivas para os próximos anos e crescimento sustentado em todas as linhas de negócio”. Ele confirmou a venda de sete aeronaves KC-390 para Áustria e Holanda e seis aeronaves A-29 Super Tucano para o Paraguai.

A imprensa especializada também dá conta da aquisição pela Índia de cerca de 80 cargueiros KC-390que poderá se concretizar até o final do ano, com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático. Sobre este tema, Gomes Neto limitou-se a dizer que a Embraer terá novos e importantes contratos a serem revelados. E acrescentou que Portugal tem sido um parceiro muito importante, pois “o alegrar fornece peças para aviões como o KC-390, além de ser um grande centro de serviços para aeronaves civis e militares.”

A NATO tem em Portugal uma das referências mais importantes no fabrico de peças e conjuntos para aeronaves militares na Europa. A Embraer e a OGMA tornaram-se estratégicas para a organização. Ciente disso, o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, anunciou que dará continuidade ao acordo assinado entre Lula e o antigo governo socialista de António Costa.

Os equipamentos Super Tucano, homologados pela NATO, vão substituir os antigos Alpha Jet da Força Aérea Portuguesa, adquiridos na década de 1990, durante o governo Cavaco Silva, que deixou de voar em 2018. O Conselho de Ministros do Governo aprovou o início da as negociações e a assinatura do memorando decorreram no ano passado nas instalações da OGMA.

Ações valorizadas

Devido a todos os contratos assinados recentemente e aos que estão por vir, as ações da Embraer na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) valorizaram mais de 44% em um ano. A empresa está avaliada em 5,5 bilhões de euros (R$ 32,8 bilhões). Só no segundo trimestre deste ano, os pedidos totalizaram 21 bilhões de dólares (R$ 117,6 bilhões), o maior valor em sete anos.

As operações da Embraer em Portugal enquadram-se na estratégia de internacionalização da empresa no mercado europeu. Segundo relatórios elaborados pelos bancos BTG Pactual (brasileiro) e JP Morgan (norte-americano), “todas as divisões de negócios da empresa vivem cenários industriais favoráveis”. Portugal adquiriu cinco cargueiros militares, dois dos quais já foram entregues. O avião KC-390 está sendo apresentado como uma opção ao antigo Hércules C-130 em todo o mundo.

A Embraer registrou receita de 1,3 bilhão de euros (R$ 7,8 bilhões) entre abril e junho, um aumento de 76% em relação ao trimestre anterior. Receita da aviação comercial 190% superior na mesma base de comparação. Desde 1969, a empresa já entregou mais de 8 mil aeronaves.

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