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Mais de quatro anos desde que a Covid-19 foi declarada uma pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020, o medo de outro surto em massa é cada vez maior. A OMS, em 14 de Agosto, declarou o actual surto de Mpox ou Monkeypox na África Central como uma emergência global que requer acção urgente. A preocupação global com o vírus cresceu à medida que se espalhava por outros países africanos e, num instante, a estirpe mortal da varíola Mpox – Clade 1b – atravessou o continente africano para chegar à Suécia, ao Paquistão e a outros países.

O vírus já matou mais de 500 pessoas até agora, principalmente na República Democrática do Congo, onde a doença se tem espalhado desde o ano passado. O país viu mais de 96% dos cerca de 17.000 casos registrados de Mpox no mundo este ano.

Embora a Índia ainda não tenha relatado nenhum caso, o governo central está de olho na situação. A nossa infraestrutura de saúde enfrentou graves desafios durante a pandemia de Covid-19, que resultou em milhares de mortes. Ninguém gostaria de ser pego de surpresa desta vez.

O Mpox é tão perigoso quanto o Covid-19 ou a gripe suína?

Mpox é uma infecção zoonótica que causa sintomas semelhantes aos da gripe e lesões cutâneas. Fatal em alguns casos, a OMS declarou-a pela primeira vez como uma emergência global em 2022.

O vírus Mpox pode ser categorizado em dois clados: Clade 1 e Clade 2. O primeiro, encontrado principalmente nos países da África Central, é mais grave e apresenta alta taxa de mortalidade. O Clade 2 apresenta sintomas mais leves e é encontrado na África Ocidental. Este último causou uma emergência de saúde pública em 2022, em que cerca de 300 casos – embora ligeiros – foram notificados na Suécia. Desta vez, é o Clade 1b, mais recente e mais grave, identificado em Setembro do ano passado, que tem impulsionado o surto actual.

Embora os especialistas temam que a Mpox possa ser tão perigosa quanto a Covid-19 ou a gripe suína, há uma diferença na natureza da transmissão. Tanto a Covid-19 como a gripe suína eram altamente infecciosas porque eram transmitidas pelo ar. Em contraste, o Mpox é transmitido através do contato próximo pele a pele, falando ou respirando perto de uma pessoa infectada, ou usando roupas ou lençóis sujos. “É improvável que a Mpox se torne uma pandemia como a Covid-19, principalmente devido ao seu modo de propagação. Requer contato físico muito próximo, ao contrário do SARS-CoV-2 transportado pelo ar. Além disso, sintomas como bolhas na pele são indicadores mais visíveis e, portanto, é mais fácil identificar a doença e isolar uma pessoa para conter a propagação”, afirma Rakesh K. Mishra, ex-diretor do Centro de Biologia Celular e Molecular.

O primeiro caso de Mpox na Índia foi registrado em Kerala em 2022, de um viajante dos Emirados Árabes Unidos. Logo, o vírus se espalhou pelo país, com casos surgindo em Delhi, mesmo em indivíduos que não fizeram viagens internacionais recentes. A Índia relatou 27 casos confirmados e uma morte naquele ano, segundo a OMS. O último caso no país foi em março deste ano, em Kerala, e desde então não foram registados novos casos.

Como se manter seguro

Em resposta ao alerta da OMS, tanto os governos centrais como os estaduais entraram em ação. Existem avisos sobre varíola dos macacos e medidas de saúde pública estão sendo tomadas. Tanto o Conselho Indiano de Investigação Médica (ICMR) como o Centro Nacional de Controlo de Doenças (NCDC) estão a acompanhar de perto a situação e a rever as tendências internacionais.

Em Tamil Nadu, a Direcção de Saúde Pública e Medicina Preventiva (DPH) já emitiu alertas. Os relatórios dizem que os passageiros que chegam da República Democrática do Congo e dos países da África Central estão a ser rastreados por agentes de saúde aeroportuários e por pessoal de saúde portuária. Tanto Hyderabad como Nova Deli – cidades populares entre os estudantes africanos que frequentam o ensino superior – também foram colocadas em alerta máximo.

A necessidade de vacinas

A primeira estirpe Mpox foi isolada pelos investigadores do ICMR em 2022. As empresas farmacêuticas e os fabricantes de medicamentos estão a ser chamados a desenvolver vacinas e kits de teste para o vírus. As vacinas existentes contra a varíola e a varicela também podem oferecer proteção na Índia.

Sobre outras estratégias de prevenção, Mishra diz: “É importante monitorizar de perto a propagação da doença em diferentes países e estar pronto para o rastreio através de métodos já disponíveis de diagnóstico baseado em ADN. Já existe uma vacina eficaz disponível, mas o seu fornecimento pode não ser fácil de garantir.”

“Práticas simples como evitar contato físico próximo com pessoas suspeitas/potencialmente infectadas, manter distância de pessoas com sintomas e usar máscara devem ser eficazes na contenção da propagação da infecção”, acrescenta Mishra.

Os países desenvolvidos, principalmente os da Europa, já têm vacinas disponíveis para aqueles que correm maior risco de varíola dos macacos. E dada a elevada qualidade dos cuidados de saúde no país, conter a doença será menos desafiador. São os países africanos subdesenvolvidos, que não têm vacinas nem recursos para as comprar, que continuam em maior risco e que mais precisam de ajuda.

(Bharti Mishra Nath é editora colaboradora, NDTV)

Isenção de responsabilidade: estas são as opiniões pessoais do autor

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