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Todo brasileiro que quiser morar, trabalhar e estudar em Portugal deve ligar imediatamente para três letras: NIF. São a abreviatura de Número de Identificação Fiscal, que nada mais é do que o CPF no Brasil. É o registro que todo cidadão deve ter junto à Autoridade Tributária (AT) de Portugal, equivalente à Receita Federal do Brasil.

Muita gente pergunta se, para obter o NIF, um cidadão estrangeiro é obrigado a contratar um representante fiscal em terras portuguesas. A resposta é não. Mas, em muitos casos, esta exigência acaba por ser feita nos balcões de atendimento da Autoridade Tributária ou mesmo na Loja do Cidadão. Portanto, considere se a ajuda de um profissional pode fazer a diferença.

Sem o NIF não é possível abrir conta bancária em Portugal, comprar ou alugar imóveis e ter acesso aos serviços básicos oferecidos pelo governo. É como se a pessoa não existisse. E ninguém quer estar nessa situação, especialmente num país estrangeiro. Estar regularizado é o primeiro passo para ser feliz na nova etapa da vida.

Em geral, é necessário um representante fiscal para as empresas estrangeiras, que não tenham sede em Portugal, e para os não residentes, pessoas físicas que não residam permanentemente no país europeu, mas tenham rendimentos obtidos em terras portuguesas.

Ó Portal das Comunidades Portuguesassubordinado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, detalha este processo: “Ao requerer o NIF não é obrigatória a designação de representante fiscal. A nomeação de representante fiscal torna-se obrigatória para os cidadãos, nacionais ou estrangeiros, residentes em país terceiro (não pertencente à União Europeia ou ao Espaço Económico Europeu).

O ministério sublinha ainda que2 a recomendação de que os imigrantes tenham um representante fiscal aplica-se a quem obteve o NIF como não residente, mas que possua, em Portugal, um automóvel, um imóvel, tenha assinado um contrato de trabalho ou exerça uma actividade em próprios em território português. Apenas estão isentos desta obrigação os cidadãos residentes na União Europeia, na Islândia ou na Noruega, sendo opcional a contratação de um representante fiscal.

Outra informação importante: para não perder o contacto com a Autoridade Tributária, mantenha sempre atualizado o endereço residencial e o email. Caso isso não seja feito, os fiscais poderão aplicar multa. E cair nas garras do fisco é uma enorme dor de cabeça.

Dicas de especialistas

Para especialistas como os advogados Fábio Pimentel e Bruno Gutman, consultados pelo PÚBLICO Brasil, os brasileiros que não precisam contratar representante fiscal para obter o NIF em Portugal devem seguir alguns passos. A primeira é agendar um atendimento presencial pelo site. Ministério das Finanças.

Feito isso, o segundo passo é reunir todos os documentos necessários, incluindo passaporte válido e comprovante de residência em Portugal (contrato de aluguel, conta de luz, etc.), além de um formulário de solicitação de NIF preenchido. No dia agendado traga os documentos originais, pois não são aceitas cópias.

No caso dos brasileiros, alguns documentos adicionais poderão ser exigidos, como certidão de nascimento para menores de 10 anos que não possuam passaporte e apostila de diploma de ensino médio, caso o solicitante do NIF pretenda estudar em Portugal. Verifique tudo antes de sair de casa. Procure chegar pelo menos 30 minutos antes do horário marcado e leve em consideração o tempo de espera, pois os postos podem ter filas.

Incompatibilidade de informações

O estudante Daniel Domingos chegou a Lisboa em 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, para estudar Direito na Universidade de Lisboa. Enfrentou muitos desafios no acesso ao número de identificação fiscal. “Fui ao balcão de atendimento da Autoridade Tributária do bairro Saldanha, mas o meu pedido de NIF foi negado. A alegação era que eu teria que ter um representante fiscal”, afirma.

O jovem, que tinha ciente de todas as regras com antecedênciamostrou a lei, na qual tal exigência não está escrita em lei. Mas mesmo assim, seu pedido foi negado. Um colega seu, porém, conseguiu o documento sem a necessidade de apresentação do representante fiscal.

A saga de Daniel para obter o NIF só terminou depois de ter sido aconselhado a procurar outro ponto de atendimento da Autoridade Tributária. Foi até sem agendamento prévio, mas, no final, conseguiu as três cartas que sonhou e que lhe abriram muitas portas. “Infelizmente, percebi que, em Portugal, as coisas funcionam segundo a lógica de quem as está a servir. Por isso, é fundamental não desistir no primeiro não”, aconselha.

Lembra que muitos colegas da universidade têm utilizado o serviço de despacho para obter o NIF. Para isso, estão sendo obrigados a pagar 200 euros (R$ 1.200) pelo serviço. Vários destes brasileiros afirmam que pedem ajuda a estes profissionais porque querem registar uma atividade que lhes permita trabalhar de forma independente em Portugal e emitir um recibo verde, semelhante à fatura no Brasil.

Os artigos da equipe do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa utilizada no Brasil

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