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As entidades representativas dos imigrantes que vivem, trabalham e estudam em Portugal vão apresentar, no dia 25 de outubro, à Assembleia da República uma petição propondo a devolução das manifestações de interesse, instrumento utilizado por muitos estrangeiros para regularizar documentação no país. Este mecanismo foi suspenso há dois meses pelo Governocom o argumento de que é necessário controlar melhor a imigração para o território português.

A manifestação de interesse permitia que os estrangeiros entrassem em Portugal como turistas e, decorrido o prazo legal de permanência no país até 180 dias, pudessem requerer o direito de permanência em solo português. Esta flexibilização, segundo o Governo, foi uma das razões que aumentou o fluxo de estrangeiros para o país e contribuiu para a acumulação de processos de regularização de autorizações de residência na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). Existem mais de 400 mil casos pendentes, a maioria deles de brasileiros.

A decisão das entidades que apoiam os imigrantes de recorrerem ao Parlamento português foi tomada numa reunião realizada este sábado, 24 de agosto, na sede da Fundação José Saramago, em Lisboa. Estiveram presentes no encontro representantes de 57 associações que lidam com imigrantes de diversas nacionalidades. A expectativa é que um grande número de associados e trabalhadores de Norte a Sul de Portugal sejam mobilizados em apoio à petição.

Uma nota de apoio ao Colaboradores da AIMA, em greve contra horas extras e trabalho de fim de semanapara atender às suas demandas. Segundo Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), há falta de pessoal técnico especializado no órgão, as condições de trabalho são precárias e vários funcionários não têm formação adequada para atender os imigrantes.

Ação nas ruas

Segundo Timóteo Macedo, presidente da Associação Solidariedade Imigrante, a suspensão das manifestações de interesse, anunciada pelo Governo no âmbito do novo Plano de Acção para as Migrações, alterou substancialmente as condições de entrada de estrangeiros no país. Portanto, na sua opinião, é necessário rever este processo para facilitar a obtenção de autorização de residência em Portugal para muitas pessoas.

Para Ana Bela Rodrigues, antiga eurodeputada do Bloco de Esquerda e membro da Solidariedade Imigrante, as decisões tomadas pelas associações são muito importantes, “pois definem uma data para uma acção de rua, além de o movimento estar focado em restaurar a expressão de interesse”. Acrescentou que o encontro foi muito representativo, porque estiveram presentes pessoas do Porto, de Lisboa, do Alentejo e de outras regiões do país.

Na avaliação de Flora Silva, da Associação Olho Vivo, a decisão unânime de concentrar esforços a favor dos imigrantes na Assembleia da República é fruto de “um pensamento colectivo do movimento associativo”, que está determinado a avançar na concretização dos seus objectivos. objectivos e mostrar ao Governo que não pode esquecer os imigrantes.” Destacou que a autorização de residência é a única forma de regularizar a situação.

Representantes das associações de imigrantes querem que a Assembleia da República aprove a devolução das manifestações de interesse
Carlos Henrique Vasconcelos

A brasileira Kiara Veras, da Associação Lusofonia, Cidadania e Cultura, considerou o encontro muito produtivo. “Teremos bons ganhos com esta mobilização e, apesar do longo tempo até ao dia 25 de outubro, será importante mobilizar e preparar os imigrantes, manter as entidades ativas e organizar os detalhes”, disse. Durante este período, as entidades pretendem apelar aos membros da Igreja Católica e a outros movimentos associativos para que prestem solidariedade aos imigrantes.

Visão oficial

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousajá disse esperar que a suspensão da manifestação de interesse seja temporária e apenas uma resposta à situação de “estrangulamento” que os serviços de regularização estrangeiros enfrentam. A perspectiva é que todas as pendências sejam resolvidas até junho de 2025.

Na última quinta-feira (22/08), o Ministro da Presidência, António Leitão Amaroanunciou a abertura, em Setembro, de centros de atendimento ao cliente e de operações de resolução de litígios da AIMA em vários pontos do país, sendo o maior deles em Lisboa. “Este Governo tem resposta para as 400 mil questões pendentes, que podem, afinal, não ser tantas, (pois) muitos (imigrantes) podem já ter abandonado o território nacional, desesperados com a falta de resposta do Estado Português” , ele enfatizou.

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