Fundador do Telegram preso: a ascensão global do aplicativo de bate-papo libertário

“Para mim, tudo na minha vida era me tornar livre”, disse o fundador do Telegram, Pavel Durov. (Arquivo)

Paris:

O chefe da plataforma de mídia social Telegram foi preso na França, acusado de permitir o compartilhamento de conteúdo ilegal.

A plataforma de mensagens fundada pela Rússia permaneceu fora dos holofotes no Ocidente, mas tem centenas de milhões de utilizadores em todo o mundo e desempenha um papel fundamental na guerra na Ucrânia.

Inclinações libertárias

Pavel Durovpreso após pousar em seu jato particular em Paris no sábado, lançou a plataforma em 2013 com seu irmão Nikolai.

Afirma ter 950 milhões de usuários – acima dos 550 milhões em 2022.

Durov disse ao jornalista americano de direita Tucker Carlson em abril que os usuários “amam a privacidade e a liberdade” da plataforma.

O Telegram fez um ótimo trabalho ao se recusar a entregar ou vender dados de usuários, diferenciando-se dos modelos de negócios de rivais norte-americanos como Meta ou Google.

Na Rússia e na Ucrânia, alguns dos seus canais de notícias são mais populares do que os meios de comunicação tradicionais.

Mas a plataforma há muito é criticada por não moderar conteúdos extremos.

Durov, que tem um patrimônio líquido de US$ 15,5 bilhões segundo a Forbes, disse ao Financial Times em março que planejava melhorar os mecanismos de moderação.

Mas “a menos que ultrapassem os limites, não creio que devamos policiar as pessoas na forma como se expressam”, disse ele.

No entanto, ele também disse que a empresa emprega apenas algumas dezenas de pessoas, o que, segundo os especialistas, pode não ser suficiente para fornecer uma plataforma devidamente segura.

Origens russas

O homem de 39 anos ganhou fama em 2006, quando lançou a rede social VKontakte (VK) logo após se formar na Universidade Estadual de São Petersburgo.

Milhões de pessoas aderiram e rapidamente se tornou conhecido como “Facebook da Rússia”, e a sua popularidade despertou o interesse do Kremlin.

Ele disse que teve que resistir às exigências dos serviços de segurança russos para fornecer detalhes de grupos de oposição que usam o VK para se organizar.

E mais tarde sofreu enorme pressão para entregar os dados pessoais de activistas pró-europeus na Ucrânia.

Essas experiências o levaram a formar o Telegram e, eventualmente, a vender sua participação na VK em 2014 e a deixar a Rússia.

Em 2017, instalou-se no Dubai, mantendo-se afastado dos regimes regulamentares mais rigorosos da União Europeia e dos Estados Unidos.

Durov tem cidadania da ilha caribenha de São Cristóvão e Nevis, bem como nacionalidade francesa, que adquiriu em 2021.

Problemas legais

Promotores franceses acusam Telegram de não conseguir conteúdo moderado ou colaborar com as autoridades.

Destacaram conteúdos envolvendo fraude, tráfico de drogas, crime organizado, glorificação do terrorismo e cyberbullying.

A empresa disse que não pode ser responsabilizada pelo que seus usuários fazem – uma defesa há muito usada por grandes plataformas tecnológicas.

Vários países tentaram bloquear o Telegram no passado.

Em 2018, o Irão acusou-o de acolher grupos violentos de oposição.

No mesmo ano, a Rússia afirmou que não entregou as chaves de criptografia.

No ano passado, o Brasil bloqueou-o brevemente por não fornecer dados sobre grupos neonazistas e a Espanha agiu por violações de propriedade intelectual.

Ainda não há lucros

O Telegram foi totalmente financiado por Durov até 2018, quando arrecadou US$ 1,7 bilhão para lançar sua própria criptomoeda.

O projeto criptográfico entrou em colapso depois que os reguladores dos EUA se recusaram a aprová-lo e a empresa reembolsou a maior parte do investimento.

O serviço de mensagens começou a veicular anúncios em 2021, mas insistiu que não usaria os dados privados dos usuários para segmentação.

Um sistema de assinatura premium foi lançado em 2022.

Durov disse ao Financial Times que sua empresa estava gerando receitas de centenas de milhões e esperava obter lucro em breve.

Ele também não descartou a possibilidade de flutuar na bolsa de valores.

Embora ele tenha declarado repetidamente que sua missão não é ficar rico.

“Para mim, tudo na minha vida era me tornar livre”, disse ele a Carlson, dizendo que o Telegram era permitir que outros expressassem sua liberdade.

(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)

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