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Sambar viajar ao longo do Tejo não é um programa trivial. Mas, sim, é possível aliar a música a um visual deslumbrante, a partir da Doca da Rocha do Conde Óbidos. A última viagem, promovida pelo grupo Pegada Envolvente, acontece neste domingo, a partir das 13h.

Há quem venha de longe para fazer o passeio, como o mineiro Ipatinga João Vítor Pereira, 37 anos. No domingo passado, mostrou-se eufórico com a viagem pelo Tejo. Ele se mudou do Brasil para Portugal há sete anos. Neste momento está a trabalhar na Bélgica, mas a sua esposa ficou em Portugal.

“Faz três meses que não vinha a Portugal”, disse, antes de começarem os batuques. Pereira estava acompanhado da mulher e da sogra e nem o calor de 35 graus conseguiu diminuir a excitação do trio.

O mineiro parecia estar em casa. “Vim da Bélgica para acompanhar os meninos da banda. Tirei dois dias de folga para participar do evento”, disse. “Conheço alguns sambistas do grupo. Onde tem roda de samba eu estou dentro”, destacou.

Ao embarcar no barco, a primeira coisa que o visitante recebe é uma lata de cerveja, que ajuda a diminuir, pelo menos por um tempo, a sensação de calor. A música começa antes do barco partir.

No último domingo, a partida aconteceu com 45 minutos de atraso, aguardando todos que reservaram lugar. Mas o atraso foi compensado por uma hora extra de viagem.

O casal Mariana Fonseca e Eduardo Silva, ela, portuguesa, ele, brasileiro
Carolina Rattner

Ao lado da roda de samba, um jovem casal dançava e paquera —ele com um pouco mais de samba no prato. “Sou viciado em samba. Comecei a pesquisar e descobri o barco”, disse o estudante Eduardo Silva, 18 anos, que está em Portugal há quatro.

Ele estava acompanhado da namorada, a portuguesa Mariana Fonseca, 19 anos, estudante de arquitetura paisagista. “Treinei capoeira no mesmo local que o Eduardo, na Uniarte, em Campo de Ourique”, disse, explicando onde se conheceram.

Brasileiros e portugueses eram maioria no barco. “Conheci a Pegada Envolvente em uma feira de beleza. Então, Convidei um amigo para fazer o tour”, disse Daiane Gomes, 36, de São Paulo, ao lado da portuguesa Paula António, 53, que acompanhou o ritmo da bateria.

Paula disse que o samba, com pandeiro e cuícamexa com ela. “Sou uma portuguesa com alma brasileira. Ainda não estive no Brasil, mas é o meu sonho”, suspirou.

A cabeleireira Adriana Plácido, 51, contou por que embarcou: “eu amo samba. Minha família tem muitos sambistas.” Ela descobriu o barco através de uma amiga que mora na Holanda. E ela levou uma portuguesa dos Açores para curtir a batucada

Eder Júnior, fundador do Grupo Pegada Envolvente
Carolina Rattner

Os sambistas

O passeio de barco é organizado por Eder Júnior, paulista de Jaçanã. Realiza-se este domingo, 1 de setembro, a quinta edição do evento em dois anos, que se chama Samba no Mar, apesar de estar restrito ao rio Tejo.

O preço da viagem não é caro. Custa 20 euros (R$ 120) por pessoa, quase o mesmo valor (18 euros, R$ 108) de um tradicional passeio fluvial de duas horas. A compensação é feita através da venda de bebidas — uma cerveja custa 3 euros (R$ 18).

Eder veio para Portugal com outro objetivo: jogar basquetebol. Passou seis temporadas em vários clubes: Belenenses, Carnide, Nacional de Natação e Salesianos. “Encontrei gente que gosta de samba e resolvi formar uma roda. Eu precisava de algo diferente de tudo que se faz e surgiu a ideia de fazer a batucada de barco”, disse.

O caminho foi criar a Pegada Envolvente, uma roda de samba com 12 instrumentistas. O grupo já gravou três vídeos, que estão disponíveis no YouTube: Ao vivo no Cais do Sodré, E aí? Vamos Sambar e Samba no Alto Mar ao vivo.

No intervalo do show do último domingo, ele anunciou a filosofia da roda de samba. “Aqui não fazemos funk, não fazemos pagode. Ele faz samba de roda, o samba raiz”, explicou. E apresentou o projeto: “Quando você ver o nosso nome, associe: é palmito, é macumba, é samba de roda. Isso é Pegada Envolvente”.

Segundo Eder, o Samba no Mar é apenas um dos projetos ligados à música. “Vou trazer o Samba na Laje para Lisboa, que vai ser uma roda de samba como foi em São Paulo. Será numa casa em Sintra, com capacidade para 400 pessoas, onde haverá churrasco, cerveja e música”, disse.

Às 18h00 o barco voltou a atracar na Rocha do Conde de Óbidos. A diversão estava estampada no rosto dos passageiros. Para conseguir o ingresso para a última turnê do ano, você pode acessar a página Grupo Pegada Envolvente — Roda de Sambasem Facebook, e grupopegadaenvolvente sem Instagram.



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