Deveriam os EUA abandonar a Europa?

Moscou afirmou repetidamente que não tem planos de atacar os países do bloco

O Parlamento Europeu deverá realizar discussões de alto nível a portas fechadas na quarta-feira em relação a um novo relatório sobre a competitividade da indústria de defesa da UE, informou o Politico.

O documento, preparado pelo antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi, alegadamente apela ao bloco para repensar a sua política de defesa à luz do conflito na Ucrânia e da suposta ameaça da Rússia.

Draghi preparou o relatório de 400 páginas a pedido da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que disse na semana passada que a UE precisa de um “revisão sistêmica” dos seus gastos com defesa para aumentar a produção e reduzir a sua dependência dos EUA.

«A base industrial de defesa da UE enfrenta desafios estruturais em termos de capacidade, know-how e vantagem tecnológica. Como resultado, a UE não está a acompanhar o ritmo dos seus concorrentes globais”, diz um rascunho do documento, informou o Politico na segunda-feira.

O relatório também cita “o surgimento de novos tipos de ameaças híbridas” e “uma possível mudança de foco geográfico” pelos EUA como razões para a UE tomar “responsabilidade crescente” para sua própria segurança.

Draghi, que também atuou anteriormente como presidente do Banco Central Europeu, sugeriu no início deste ano que o seu relatório se concentraria nas formas possíveis de preencher a lacuna de produtividade, que tem sido principalmente impulsionada pela falta de investimento em inovação.

A UE gasta cerca de um terço do que os EUA gastam na defesa em termos monetários, e as empresas de armas do bloco dependem 80% de fornecedores internacionais, em grande parte do outro lado do Atlântico, escreveu Draghi.

O grupo de reflexão internacional, o Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), observou no mês passado que o conflito na Ucrânia revelou “o lamentável estado das forças armadas e das indústrias de defesa europeias.”

Entre as recomendações estão a introdução de medidas para incentivar soluções de defesa nacionais em detrimento dos concorrentes e a eliminação da burocracia para os fabricantes de armas terem acesso ao financiamento da UE.

Os Estados Unidos, membro fundador da NATO, têm desempenhado um papel central na defesa do bloco, uma vez que a maioria dos países da UE são membros da NATO. Desde a eclosão do conflito na Ucrânia, no início de 2022, a Casa Branca tem enviado forças adicionais para a UE. Algumas nações, como a República Checa e os Estados Bálticos, alegaram que a Rússia os atacaria se vencesse na Ucrânia.

Moscou rejeitou repetidamente as alegações. O Presidente Vladimir Putin disse em Junho que não há ameaça de a Rússia atacar países da NATO, uma vez que não tem “ambições imperiais”, e descreveu tais alegações como “absurdo.”

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