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O que determina a importância de um país? O tamanho? Poder económico e social, capacidade de ser autossuficiente, parcerias comerciais no mundo? Tudo isto, claro, mas independentemente do tamanho ou da importância económica de um país, a força cultural pode fazer a diferença.

Portugal é pequeno, sim, mas tem história e tradição para dar e vender, e, quando se trata de comida, está na mesa de muitos países. Do ensopado à portuguesa, às variações de bacalhau, aos pratos com carne de porco, caça, sem esquecer os doces, que fazem sucesso na mesa de todos.

Mas este pequeno pedaço de terra dentro do nosso imenso planeta tem as suas diferenças, se dividirmos o país entre Norte e Sul.

Antes de morar aqui eu já ouvia:

— Só conhecemos realmente Portugal quando visitamos o Norte.

Não seria tão afirmativo, mas concordo que, ao viajar pelo Norte, conheci portugueses com um “jeito de ser” diferente daqueles com quem já convivi em Lisboa e no Alentejo, região do Sul do país , que também parece ser um outro Portugal em si.

Vamos para o Norte primeiro!

Paisagens de vales, montanhas e rios que enchem os olhos de quem por aqui passa. Cenários coloridos que misturam vinhas, amendoeiras, cerejeiras e bela arquitectura em cada cidade ou aldeia que encontramos pelo caminho.

Lugares onde o tempo parece ter parado e parado de correr tão rápido. O Norte também é mais rico, mais industrial e tem mais moradores “boca-sujas”, ou melhor, que não medem palavras quando querem expressar uma opinião para o bem ou para o mal.

Os portugueses do Sul já parecem mais discretos, ou não tão diretos. O alentejano, por exemplo, mesclava a força de trabalhar no campo do povo gaúcho, no Sul do Brasil, com a “facilidade” de ser baiano, no Nordeste do Brasil.

O Alentejo é lar de oliveiras, azinheiras e campos de feno que unem terra e mar. Não é por acaso que um dos pratos típicos da cozinha alentejana mistura carne de porco com amêijoas, que no Brasil conhecemos como vôngole.

Então o que posso dizer aqui é que conhecemos realmente Portugal quando visitamos o Norte e o Sul.

Mas para onde ir?

Pois bem, não sairia do Alentejo sem primeiro espreitar Monsaraz, uma aldeia muralhada no topo de uma colina e com vista para a Barragem do Alqueva, a maior do país. Um daqueles locais que não encontrará em nenhum outro lugar igual, e fica a menos de uma hora de carro de Évora, principal cidade da região, classificada como Património Mundial.

E se gosta de praia, como eu, não deixe de percorrer um troço da Costa Vicentina e descobrir algumas das praias mais preservadas do país. Sugiro as regiões de Porto Covo e Aljezur, no Algarve.

E o que visitar no Norte? Escolher apenas um ou dois terrenos nesta região não é tarefa fácil. Sei que a cidade do Porto já estará na sua lista, por isso vou destacar outros dois locais.

Passeie de carro pelos vários miradouros do Parque Natural do Douro Internacional, onde o rio garante a fronteira entre Portugal e Espanha, e corre entre vales e falésias deslumbrantes. Até lembrei da letra do samba Aquarela Brasileirapor Silas de Oliveira: “Olha que cenário maravilhoso…”

O meu outro local preferido no Norte é Rio de Onor, uma pequena aldeia comunitária que também faz fronteira com Espanha e está inserida num paraíso ecológico, o Parque Natural de Montesinho.

Se até José Saramago se encantou com essa beleza ao escrever o livro Viagem a PortugalTenho certeza que você não ficará desapontado.

E para quem me perguntar: — Prefere o Norte ou o Sul?

Desculpe, como dizem os portugueses, mas não existe um sem o outro.

Por isso, Viva Portugal, de Norte a Sul!

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