Corante alimentar comum pode tornar a pele temporariamente transparente: relatório

Não seria mais fácil para os médicos se nossa pele fosse transparente e pudessem ver tudo além ou abaixo dela? Parece hipotético, não? Mesmo com tecnologias avançadas e técnicas de imagem altamente sofisticadas, os médicos obtêm resultados pouco claros enquanto espiam o interior de um corpo vivo. No entanto, pesquisas recentes mostraram que esse sonho distante poderá em breve se tornar realidade, surpreendentemente com apenas a aplicação de um corante alimentar comum.

Pesquisadores em Universidade de Stanford conseguiram espiar o corpo de animais vivos com a ajuda de corante alimentar comum, tornando sua pele, músculos e tecidos conjuntivos temporariamente transparentes, O Guardião relatado.

Publicada na revista Science em 5 de setembro, a pesquisa detalha como esfregar a solução corante aprovada pela FDA na pele de um rato permitiu aos pesquisadores ver através da pele, sem fazer uma incisão. Eles foram capazes de fazer isso a olho nu.

O fígado, os intestinos e a bexiga do camundongo ficaram visíveis através da pele abdominal depois que o corante foi aplicado na barriga. Não apenas isso, os pesquisadores até testemunharam os vasos sanguíneos no cérebro do roedor.

Curiosamente, a pele tratada recuperou a cor normal depois que os pesquisadores removeram a tinta.

“Assim que enxaguamos e massageamos a pele com água, o efeito foi revertido em poucos minutos. É um resultado impressionante”, disse Guosong Hong, professor assistente de ciência e engenharia de materiais.

Como funciona?

A ideia por trás disso ecoa a abordagem de um personagem do popular romance de 1897, O Homem Invisível. No romance de ficção científica, escrito por HG Wells, um cientista descobre como o segredo da invisibilidade depende da correspondência entre o índice de refração do objeto – ou a capacidade de desviar a luz – com o do ar circundante.

Quando as ondas de luz atingem o tecido biológico, elas os dispersam, fazendo com que pareçam opacos e não transparentes aos olhos. Os efeitos ocorrem devido à diferença nos índices de refração de vários componentes do tecido, como lipídios e água. No espectro visível, a água geralmente tem um índice de refração mais baixo que os lipídios. Isso faz com que a luz visível se espalhe enquanto passa pelo tecido que contém ambos.

Os pesquisadores massagearam uma solução de tartrazina vermelha no abdômen, couro cabeludo e membros posteriores do rato sedado para corresponder aos índices de refração de vários componentes do tecido.

Logo depois, a pele do roedor ficou vermelha, indicando que grande parte da luz azul foi absorvida devido à presença da molécula absorvente de luz, afirma o estudo.

O aumento na absorção alterou ainda mais o índice de refração da água em diferentes comprimentos de onda – que neste caso era vermelho. Como resultado, o índice de refração da água combinou com o dos lipídios no espectro vermelho. Em última análise, isso levou à redução da dispersão e fez com que a pele do rato parecesse mais transparente no comprimento de onda vermelho.

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