O ator James Earl Jones, uma presença imponente no palco e na tela cuja voz dominante definiu o vilão de Star Wars Darth Vader, morreu. Ele tinha 93 anos.
Jones, que sofria de diabetes há muitos anos, morreu na segunda-feira em casa, disse seu agente Barry McPherson. Ele estava cercado por familiares.
O pioneiro Jones, que em 1965 se tornou um dos primeiros atores afro-americanos em um papel contínuo em um drama diurno (As the World Turns) e trabalhou até os 80 anos, ganhou dois Emmys, um Globo de Ouro, dois Tony Awards, um Grammy , a Medalha Nacional de Artes e as Honras do Kennedy Center. Ele também recebeu um Oscar honorário e um Tony especial pelo conjunto de sua obra. Em 2022, um teatro da Broadway foi renomeado em sua homenagem.
A voz profunda e autoritária de Jones também definiu sua carreira. Além de ser a voz de Darth Vader, ele foi o Rei Mufasa nas versões de 1994 e 2019 de O Rei Leão da Disney e pôde ser ouvido anunciando “This is CNN” para apresentar os noticiários do canal.
Jones riu quando um entrevistador da BBC perguntou se ele se ressentia de estar tão intimamente ligado a Darth Vader, um papel em que David Prowse fez o trabalho na tela fantasiado.
“Adoro fazer parte de todo esse mito, de todo esse culto”, disse ele, acrescentando que estava feliz em atender os fãs que pediram um recital de comando de sua frase “Eu sou seu pai” para Luke Skywalker, interpretado por Mark Hamill .
“#RIP pai”, escreveu Hamill no X na segunda-feira com um emoji de coração partido acima de uma história sobre a morte de Jones.
A Lucasfilm, que produziu Star Wars, disse estar “profundamente triste” ao saber da morte de Jones.
“O barítono ameaçador que ele trouxe para Darth Vader será para sempre amado pelos fãs e considerado uma das grandes atuações vilãs do cinema”, disse a presidente da empresa, Kathleen Kennedy, em comunicado. “Sua presença imponente na tela e sua personalidade calorosa fora da tela farão muita falta.”
Jones disse que nunca ganhou muito dinheiro com o papel de Darth Vader – apenas US$ 9 mil pelo primeiro filme – e que considerou isso apenas um trabalho de efeitos especiais. Ele nem pediu para aparecer nos créditos dos dois primeiros filmes de Star Wars.
‘Um desgosto’
Nascido à luz de uma lamparina a óleo em um barraco no segregado Mississippi em 17 de janeiro de 1931, o pai de Earl Jones já havia abandonado a família para seguir a vida como boxeador e, mais tarde, ator. Quando o menino tinha seis anos, sua mãe o levou para morar com os pais em sua fazenda em Michigan.
“Um mundo acabou para mim, o mundo seguro da infância”, escreveu Jones em sua autobiografia. “A mudança do Mississippi para Michigan deveria ser um evento glorioso. Para mim foi uma dor de coração e, pouco depois, comecei a gaguejar.”
Envergonhado demais para falar, Jones permaneceu praticamente mudo durante anos, comunicando-se com professores e colegas por meio de notas manuscritas, até que um professor solidário o ajudou a recuperar a voz.
“Eu não me cansava de falar, debater, orar – atuar”, lembrou ele em seu livro.
Jones mudou para o teatro na universidade depois de ser reprovado nos exames médicos e, depois de servir no exército, foi morar com seu pai em Nova York na década de 1950 e ingressou no programa American Theatre Wing para jovens atores. Os dois homens enceraram o chão para se sustentarem enquanto procuravam empregos como atores.
Seu papel de destaque na Broadway foi The Great White Hope, interpretando um personagem baseado no campeão negro dos pesos pesados Jack Johnson. A peça examinou o racismo através das lentes do mundo do boxe e os críticos elogiaram o desempenho de Jones.
Uma atração teatral popular durante décadas, ele desempenhou papéis principais em Shakespeare, incluindo Hamlet, Macbeth, Rei Lear e Otelo.
Sua carreira cinematográfica começou em 1964 com a sátira clássica de Stanley Kubrick, Dr. Strangelove ou: Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba.
Jones foi um ator negro pioneiro, conquistando grandes papéis em filmes e peças com carga racial que abriram caminho para os atores negros que vieram depois dele.
Papéis aclamados no cinema incluíram o romancista Terence Mann em Field of Dreams, de 1989, e o reverendo sul-africano Stephen Kumalo, em Cry, the Beloved Country, de 1995. Ele também estrelou Coming to America e The Hunt for Red October.
A primeira esposa de Jones foi Julienne Marie Hendricks, co-estrela de Otelo. Earl e sua segunda esposa, a atriz Cecilia Hart, falecida em 2016, tiveram um filho, Flynn Earl Jones.
