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Desde muito pequena, a cantora Patrícia Coelho, 51 anos, sempre foi apaixonada por Rita Lee, mas nunca se atreveu a estudar todo o repertório da artista que morreu em maio no ano passado, vítima de câncer. Mais recentemente, Patrícia decidiu que havia chegado a hora de entender a fundo o que aquele roqueiro havia feito pela música brasileira. “Fiquei absorvida pela diversidade, pela quantidade de composições que tem”, diz. Não por acaso, ressalta ela, foi muito difícil para ela montar seu repertório e escolher entre tantas composições que fazem parte do show Rita Hits, que apresenta, nesta quarta-feira (18/09), em Tóquio Lisboa, a partir das 22h.

Patrícia conta que preparou algumas surpresas, escolhidas do chamado lado B dos singles. Na época em que os discos só eram lançados em vinil pelas grandes gravadoras, a música principal ficava sempre no lado A e, no lado B, havia músicas que as gravadoras não acreditavam que seriam grandes sucessos. “Tudo o que ela compôs era simples e inteligente. Ele tinha um jeito muito particular de compor músicas. Sempre gostei muito do lado B dos álbuns. Por exemplo, Bruxa Amarela e Shangriláque não são tão famosas como muitas outras composições de Rita”, acrescenta.

Outra faceta da Rita que Patrícia traz para a apresentação em Lisboa é a música Mudarum dos últimos trabalhos de Rita Lee e Roberto de Carvalho, realizado em 2021. Produzida pelo DJ Gui Boratto, amigo de João Lee, filho de Rita e Roberto, a música foi lançada após um período de nove anos sem que o roqueiro lançasse um música inédita. “Comecei com música eletrônica na década de 1990. Fiz parte de um trio, chamado Sect, com os irmãos Gui e Jorge Boratto. Tivemos vários sucessos que chegaram à pista de dança. Cantar Mudar nessa homenagem também há uma ligação da Rita com a minha trajetória através da ligação que tenho com o Gui Boratto”, lembra.

Show único

Patrícia, que se apresenta frequentemente em Itália, tem sempre Lisboa no seu percurso. Ela aproveita a estadia em Portugal para visitar familiares que moram na cidade. “Gosto muito de Portugal, da tranquilidade e da vibração. Lisboa é muito ensolarada”, diz ela. Por conta dessas passagens por terras lusitanas, o produtor e músico Lucas Duque propôs a Patrícia que ela fizesse o mostrar Rita na capital portuguesa, show renomado em São Paulo. “Será meu primeiro mostrar em Portugal. Tudo aconteceu muito rapidamente, então será apenas uma única apresentação. Pretendo voltar com mais datas e em mais cidades.”

A banda que toca com Patrícia é formada por músicos brasileiros e um músico português. O produtor e diretor musical do show é o baterista Lucas Duque. No baixo, o músico e compositor Daniel Lopes, que acompanha muitos artistas brasileiros em suas turnês pela Europa. Na guitarra estará o português Tony Love. “Foi muito divertido quando fizemos o primeiro ensaio na semana passada. Estava a pensar que a Rita Lee e o Roberto de Carvalho gostariam de ver este português a tocar as suas músicas, porque ele fazia tudo muito bem. Quem vai mostrar Você também vai adorar”, diz ele.

Rita Hits começou a ser montada por Patrícia em São Paulo em 2017. O repertório inclui músicas de diferentes fases da artista, como a época do grupo Mutantes, a Banda Tutti Frutti e a fase mais longa, com o guitarrista e marido Roberto de Carvalho. “Apresentei esta celebração em diversas casas de mostraalguns muito grandes, outros menores. Quando eu voltar ao Brasil, pela terceira vez, farei isso no Blue Note de São Paulo.”

Legado para todas as idades

A cantora lembra que sua homenagem começou bem antes da morte de Rita. “A criação da Rita Hits começou quando Rita Lee já havia se retirado para sua casa. Quando foi lançado, coincidiu com o movimento feminista que ressurgiu naquela época, por causa da #Eu também. Acabei fazendo muitas apresentações para festas e grupos de mulheres. A Rita foi uma grande compositora, com uma enorme capacidade de expressar o que sentimos de uma forma muito direta, irónica e bem humorada”, destaca.

O legado de Rita Lee continua a falar a todos os públicos, afirma Patrícia. “Eu entendo, nós mostraque seu repertório fala para todas as idades. Afeta a todos, crianças, adolescentes, jovens e idosos. Como artista, ela transitou por vários estilos. Músicas românticas, rock and roll e faixas de dança. Ela abraçou vários gêneros musicais de uma forma muito elegante e sincera, sempre”, elogia.

Patrícia é próxima da família de Rita Lee. É amiga de infância do filho, Beto Lee, com quem estudou na Escola Americana de São Paulo. “Somos amigos desde pequenos. Ela sabia da homenagem que criei, mas, infelizmente, não a tive presente em nenhuma das homenagens. mostrapara sua saúde. Recentemente, Beto, que faz uma homenagem a Rita Lee chamada Celebraçãome convidou para participar do show que ele faz para sua mãe. Foi muito emocionante”, diz ele.

Ela diz ainda: “Senti que tinha a aprovação dele e de Rita, espiritual e energeticamente”. Para Patrícia, “Rita Hits é uma celebração, com energias que sempre me ligaram a ela. Será maravilhoso fazer isso mostrar pela primeira vez em Lisboa. Principalmente para o público brasileiro, que tem Rita Lee como referência emocional. Suas músicas tocam o coração de todos os brasileiros”, finaliza.

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