Após as explosões de terça-feira, o Hezbollah disse ter usado foguetes para atacar posições de artilharia israelense.
Ataques duplos utilizando dispositivos de comunicação, suspeitos de serem de mão israelita, provocaram medo nas fileiras do Hezbollah, o grupo militante apoiado pelo Irão e baseado no Líbano.
Pelo menos nove pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas quando rádios portáteis ou walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram no sul do Líbano e nos redutos do grupo na capital do país, Beirute, na quarta-feira.
Uma das explosões ocorreu perto de um funeral organizado pelo Hezbollah para os mortos quando milhares de pagers explodiram em todo o Líbano na terça-feira. O número de pessoas mortas nas explosões de terça-feira aumentou para 12, incluindo duas crianças.
Os ataques aumentaram as tensões do Hezbolah com Israel – que ele atribuiu às explosões dos pagers – que já eram altas por causa da guerra de Tel Aviv com o Hamas em Gaza, e o grupo disse ter usado foguetes para atacar posições de artilharia israelenses.
O ataque coordenado aos dispositivos de comunicação utilizados pelo Hezbollah está a ser amplamente visto como uma tentativa de desorganizar o grupo e uma forma de demonstrar aos seus membros que os atacantes podem atingi-los de formas que menos esperam.
Uma importante fonte de segurança libanesa e outra pessoa bem informada disseram à agência de notícias Reuters que a agência de espionagem israelense Mossad, que tem um longo histórico de realização de operações sofisticadas em solo estrangeiro, plantou explosivos dentro de pagers importados pelo Hezbollah meses antes de eles explodirem, na terça-feira.
A principal fonte de segurança libanesa disse à Reuters que o grupo encomendou 5.000 pagers fabricados pela Gold Apollo, com sede em Taiwan, e outra fonte disse que três gramas de explosivos foram escondidos em cada um dos dispositivos encomendados, que passaram despercebidos durante meses. A Gold Apollo disse que os dispositivos foram fabricados sob licença por uma empresa chamada BAC, com sede na Hungria.
A mídia estatal do Irã informou que o seu embaixador no Líbano, Mojtaba Amani, também foi ferido nas explosões de terça-feira.
Os walkie-talkies que explodiram na quarta-feira, disse uma fonte à Reuters, foram comprados pelo Hezbollah há cinco meses, mais ou menos na mesma época em que os pagers foram comprados.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse na quarta-feira que os objetos civis não deveriam ser transformados em armas. “Penso que é muito importante que haja um controlo eficaz dos bens civis, e não armar os bens civis… essa deveria ser uma regra que os governos deveriam ser capazes de implementar”, disse ele.
Guterres também alertou para o risco de uma grave escalada. “Tão importante como o acontecimento em si, é a indicação de que este acontecimento confirma que existe um sério risco de uma escalada dramática no Líbano – e tudo deve ser feito para evitar a escalada”, disse ele.
