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As eleições municipais no Brasil, marcadas para 6 de outubro, têm seu lado exótico. Pelo menos nos nomes de certos candidatos. No município de Itabaianinha, no interior de Sergipe, seus 40 mil habitantes terão uma escolha difícil quando chegarem às urnas. Entre os 100 candidatos a vereador, você pode votar em Tihago de Piroca (cujo nome verdadeiro é José Tihago Elias dos Santos), do Solidariedade, ou em Daniela da Piroca, do PP —sua certidão de nascimento diz Daniela Elias dos Santos. Mas se nenhum deles agradar, o candidato Chupa Bico, nome adotado por José Adelmo dos Santos, do Partido Republicano, também concorrerá a uma vaga na Câmara.

Olhando os registros do Tribunal Superior Eleitoralhá pelo menos dois candidatos que colocaram o nome “Corno” nos seus registos eleitorais. Em Boa Vista, Roraima, Amansa Corno, nascida Diones Guerreiro Ramos, é candidata a vereadora pelo MDB. E, em Salvador, concorre ao PRTB Eliseu Corno Bondoso. É a quarta vez que Eliseu Santos Oliveira, natural de Amargosa, procura um cargo nas eleições. Ele nunca conseguiu ser eleito. Nas três vezes, ele foi traído pelos eleitores.

Em São Paulo, centro econômico e cidade mais populosa do país, com mais de nove milhões de eleitores, também aparecem nomes estranhos. Entre os 1.016 candidatos a vereador, o eleitor pode escolher nomes como 100 Miséria (Francisco Miguel de Andrade Miranda), do Solidariedade, Alemão du Gás Thêthetcheeee (Ailton Ribeiro da Silva Filho), do Partido Novo, Antônio Carlos Pegadinha (Antônio Carlos Soares Ferreira). ), do DC, Antonio Paitrocinadorevoltado (Antônio de Freitas Júnor), do Partido Liberal, ou WC Walter Carvalho, também do Novo.

No Céu Azul, no Paraná, apareceu o candidato Marcos Geleia Patriota, nome adotado por um cidadão cujo nome verdadeiro é Marcos Pereira, do Partido Novo. E em Arapiraca, Alagoas, na hora da votação, em vez do nome verdadeiro do candidato Francisco Valeriano da Silva, do partido Podemos, os eleitores verão escrito Piu Piu Auau.

Fora de sintonia

O Rio de Janeiro, com seus 1.028 candidatos a vereador, não fica atrás. Se quiserem música, os eleitores cariocas têm a possibilidade de escolher entre os candidatos o cantor Claudinho Maciel, do Mobiliza, a cantora Roselene Martins, do DC, o DJ Brandon Lee (Brandon Fernandes de Lima Galeno), da Federação Brasileira de Esperança, ou o DJ Gustavo (Luiz Gustavo Ferreira Barbosa), da PMB.

Mas não faltam opções para os cariocas. Os nomes escolhidos pelos candidatos incluem Bilico Paim o Vizinho (Flávio Nunes Paim), do PMB, Chris das Quatro Patinhas (Christianne Duarte Garoiu), do Podemos, Doguinho Zona Oeste (Anderson Elidônio dos Reis), do PMB, ou Henrique Cabeludo ( Henrique Celso Batista da Rocha), do Mobiliza, e Juju Social (Jubdervan Pereira de Menezes), do PDT, entre outros.

Aproveitar nomes de outras pessoas para obter votos é outra tática amplamente utilizada em eleições, tanto à esquerda como à direita. Um levantamento realizado por Metrópoles indica que em todo o Brasil existem 282 candidatos que colocam no nome as palavras Lula, Lulinha, Bolsonaro e Bolsonaro.

Faltam cerca de 20 dias para as eleições municipais brasileiras, nas quais os 5.569 municípios escolherão prefeitos e vereadores. São cerca de 400 mil candidatos de dezenas de partidos que vão disputar os votos de quase 155 milhões de brasileiros. Quem estiver em Portugal e tiver cartão eleitoral no Brasil – com exceção de Brasília, onde não há eleições municipais – terá que justificar a ausência ou pagar uma multa.

Razão

A grande questão é: como conseguir o voto? Alguns tentam a forma tradicional, apresentando um programa, dizendo o que pretendem fazer, ou mesmo atacando os adversários. Mas, na era das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, existe a ilusão de que a busca por algo que chame a atenção, mesmo que seja humilhante e depreciativo para o próprio candidato, pode ser o caminho para um cargo político.

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