Texto alternativo

Os artigos elaborados pela equipe do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa utilizada no Brasil.

Acesso gratuito: baixe o aplicativo PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Mineira de Ipatinga, Fernanda Júlia da Silva, 34 anos, mudou-se para Portugal há 18 anos, certa de que seu futuro estava em terras portuguesas. Foi no país que conheceu o taxista Bruno Neto, de 36 anos, também brasileiro, com quem teve uma filha, Maria, de 5 anos. A brasileira já era mãe de João, de 12 anos, de outro relacionamento. Ela tinha certeza de ter encontrado o parceiro certo, como contou aos amigos. A vida de ambos foi tragicamente interrompida no início da tarde desta quarta-feira (10/02). Foram mortos a tiro numa barbearia do bairro da Penha de França, centro de Lisboa. Fernanda estava grávida de três meses. A outra vítima foi o barbeiro Carlos Pina, 43 anos, que foi atingido na cabeça e deixou cinco filhos.

Fernanda não se intimidava com o trabalho. Como manicure, adorei dar um toque especial nas unhas das clientes. Se ela tirasse alguns dias de folga, sempre aparecia alguém nas redes sociais avisando para ela voltar ao trabalho logo, pois ela estava com saudades. A mineira também tinha habilidades culinárias, que se acentuaram durante a pandemia, quando passou a vender comidas e salgadinhos para complementar a renda.

Um dos melhores amigos de Fernanda, Layz Santos Cardoso, também mineiro, conta que a conheceu ainda muito jovem. “Fui eu quem a treinou para cuidar das unhas. Ela trabalhou comigo no meu salão durante seis anos, sempre foi uma excelente profissional”, conta. “Fernanda pediu demissão quando conheceu Bruno. Fui trabalhar com ele, que gerenciava uma frota de táxis e carros por meio de aplicativos”, completa.

Layz fica emocionado. “Ainda não entendemos o que aconteceu. Não há detalhes sobre a motivação do crime”, ressalta. Ela conta que Bruno também teve um filho de outro casamento, Gonçalo, de 15 anos. “Fernanda ficou muito feliz com o casamento”, reforça a amiga, que mora em Portugal. “Acabamos morando muito próximos”, diz ele.

Atualmente, Fernanda e Bruno viviam no Carregado, depois de anos a viver em Vila Nova de Xira, nos arredores de Lisboa. “É difícil lidar com tudo isso, com toda essa violência”, comenta Layz. Fernanda sempre fez questão de dedicar mensagens e vídeos nas redes sociais a ela e também a Josy Monteiro. Eles eram inseparáveis.

Assassino em fuga

A Polícia Judiciária, que investiga os crimes, diz não saber se Fernanda e Bruno têm nacionalidade portuguesa. Para Layz é uma surpresa saber que Bruno é brasileiro. “Sempre pensei que ele fosse português”, destaca. A Polícia de Segurança Pública (PSP) refere, em comunicado, que foi chamada às 13h25 de quarta-feira, quando recebeu a informação de que três pessoas teriam sido baleadas.

Quando a polícia chegou, Fernanda, Bruno e Carlos já estavam mortos. O suspeito do triplo homicídio, identificado como Fernando Silva, deixou o local a pé. A polícia está à procura dele, que teria sido ajudado a escapar por dois homens.

A família de Fernanda em Ipatinga ainda tenta entender o que realmente aconteceu. O cônsul-geral do Brasil em Lisboa, embaixador Wladimir Valler Filho, afirma que o consulado ainda não foi procurado por parentes ou amigos para pedir ajuda. “Mas temos toda a nossa estrutura de atendimento montada. Temos muita experiência na prestação de assistência jurídica e psicológica.” Destaca que “não é tradição a polícia portuguesa contactar o consulado, mas o órgão está preparado para fornecer todas as informações necessárias”, reforça.

Fuente