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Desde que os resultados oficiais das eleições municipais no Brasil foram divulgados no domingo (10/06), apenas quatro horas após o fechamento das urnas, muitas pessoas em Portugal começaram a me fazer uma pergunta: os partidos de direita, incluindo a extrema direita, que eram os grandes vencedores das eleições, vão questionar as urnas eletrônicas? Pelo que se viu nos últimos anos, foram feitas tentativas, de todas as formas, de desqualificar o sistema de votação brasileiro. Agora, as urnas eletrônicas são seguras e imunes a fraudes?

O silêncio da direita em relação às urnas eletrônicas é eloquente. O Partido Liberal (PL), sede do ex-presidente Jair Bolsonaro, conquistou 510 prefeituras e disputará, no segundo turno, o comando de nove capitais, com chances de vitória em sete. Candidatos ligados ao bolsonarismo venceram em três capitais no primeiro turno —Rio Branco, Boa Vista e Maceió— e estarão no segundo turno de votação em Fortaleza, Manaus, Curitiba, Goiânia, João Pessoa e Belo Horizonte. Entre eles, não há dúvidas sobre as urnas eletrônicas.

Até o momento, nenhuma palavra ou expressão foi ouvida nas redes sociais de Carlos Bolsonaro —filho 02 do ex-presidente—eleito vereador no Rio de Janeiro com maior número de votos na história da Câmara Municipal. Os mais de 130 mil votos que recebeu garantiram mais sete cadeiras de vereador ao PL, pela proporcionalidade da votação. Conhecido por comandar o “Gabinete do Ódio” durante o governo do pai, Carlos alimentou sistematicamente a versão de que as urnas eletrônicas não eram confiáveis.

A campanha difamatória contra o sistema de votação no Brasil — estratégia frequentemente utilizada por representantes da extrema direita — está na base dos ataques perpetrados contra as instituições brasileiras em 8 de janeiro de 2023. Aqueles que atacaram o coração da República do Brasil — Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) —gritaram contra o resultado das urnas, que deram vitória, por margem muito pequena, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

Minha resposta aos que me questionam sobre a postura da direita em relação à vitória nas urnas eletrônicas é que o silêncio ensurdecedor dos extremistas é o sinal mais contundente de quão seguro e eficaz é o sistema de votação no Brasil e deve ser copiado, inclusive por Portugal. Espero sinceramente que aqueles que ainda desconfiam das pesquisas voltem à realidade e peçam desculpas por terem espalhado tantas mentiras. O Brasil, apesar de todos os problemas crônicos que enfrenta em diversos setores, oferece mais uma lição de democracia. E as urnas eletrônicas desempenham um papel crucial nesse processo.

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