Chama-se Joker, o mundo inteiro...

Algo me diz que a primeira vez que a ficha caiu para o diretor Todd Phillips apresentar Lady Gaga em um musical foi assistindo rushes, ou versão final, do filme de Bradley Cooper. Nasce uma estrela (2018).

Onde Lady Gaga faz uma estreia em ‘Tiger Woodsian’ como uma estrela de cinema nata, acrescentando muito à sua personalidade na tela, com aquela voz de estrela pop. Ninguém sabia, até então, que Gaga poderia atuar. O mundo ficou louco depois.

Nasce Uma Estrela, estando entre os roteiros mais indicados para Bollywoodsem surpresa, refeito pelo menos duas vezes em hindi (Abhimaan; Aashiqui 2).

Phillips coproduziu o superestrelador Cooper-Gaga, para a Warner Bros, exatamente um ano antes de lançar The Joker (2019), para o mesmo estúdio.

Durante as entrevistas promocionais deste último, se bem me lembro, o escritor-diretor-produtor Phillips foi claro: não haveria sequência para Joker. Ou seja, Joker: Folie à Deux (2024), nos cinemas, protagonizado por Joaquin Phoenix, com Gaga, como musical.

Centrado ainda, no protagonista homônimo, abusado e em busca de atenção, também conhecido como Arthur Fleck (Phoenix) – alegando dupla personalidade, em um tribunal, por assassinatos cometidos, à vista do público, na primeira parte do filme.

Você entra em Phoenix e sai, sem ter experimentado mais nada. Uma ótima atuação, capturada com a câmera fazendo amor com cada movimento / movimento do ator, ainda é um bom motivo para ir.

Que tipo de musical, ou “não exatamente musical” (Gaga), é Joker: Folie à Deux? Naquele primeiro momento, quando o herói-heroína, na prisão, entra em um mundo de sonho, cantando uma canção, pensei – este é, por falta de uma definição melhor, um musical tradicional de Bollywood/desi!

O que não quer dizer que a “sequência do sonho” como espaço liminar seja uma invenção indiana. Então então? Bem, o fato de que as músicas, ao contrário dos musicais ocidentais, existem principalmente por causa das músicas, apenas.

Como interlúdios. Em vez de levar a história/personagem adiante. Os protagonistas, e mais ninguém, cantam – ameaçando o tempo de execução, porque? Eles têm vontade! Apenas os resultados tentados são muito diferentes, se não o oposto.

Em um filme/musical de Bollywood, por assim dizer, as músicas libertariam os protagonistas espirituosos, apaixonados, dos rigores desnecessários do realismo – aumentando as emoções, animando o humor do público…

Isso é algo que Gaga faz em seu oitavo álbum de estúdio, Harlequin, para coincidir com o lançamento de Joker 2, que tenho ouvido em loop desde então.

Como Harley Quinn no filme, ela canta intencionalmente abaixo da média para uma sensação global no palco. Assim como Phoenix, aliás, que conseguiu cantarolar de forma tão convincente em um barítono profundo, na cinebiografia de Johnny Cash, Walk the Line (2005).

Juntos, eles fazem músicas pouco inspiradoras para tornar o filme deliberadamente sombrio! Você se sente afastado da tela grande.

Qual é o objetivo, então? Naah, nunca precisei encontrar Phillips para perguntar isso a ele. Bem, eu o conheci uma vez, em Bangkok, nos sets de Hangover 3 (2013). A hilariante Ressaca de 2009 foi a comédia censurada de maior bilheteria de todos os tempos.

A terceira parte, pareceu-me, foi feita para impulsionar o turismo tailandês, com os meus amigos a reservarem a ‘Suite Hangover’ em Banguecoque, para a sua despedida de solteiro, quando não havia tal no filme em si!

O que me impressionou em Joker, em primeiro lugar, foi como Phillips – de Hangover, Old School, Starsky & Hutch, etc. – chegou à sombria e distópica obra-prima de Phoenix, que envolveu e perturbou comentaristas o suficiente para antecipar crimes imitadores entre seus potenciais espectadores. !

Dicas de homenagem/inspiração estavam tanto no próprio filme (a musa de Martin Scorsese, Robert De Niro, em um papel de três/quatro cenas), quanto nos filmes desconhecidos do próprio Phillips, do início de sua carreira. A árvore genealógica do filme, a meu ver, é assim.

Os documentários perturbadores de Phillips, Hated: GG Allin and the Murder Junkies (1993, YouTube) –> Frathouse (1998, YouTube) –> Joker (2009) <-- Scorsese's The King Of Comedy (1983) <-- Taxi Driver ( 1976).

Tente gravar o programa deste filme, consecutivamente, como eu fiz então, sem querer cortar o pulso depois!

Arrecadando mais de US$ 1 bilhão, o vencedor do Leão de Ouro de Veneza, Coringa, da mesma forma, continua sendo um dos filmes censurados de maior bilheteria da história. E quanto à sua sequência?

Folie à Deux, em francês, significa literalmente loucura a dois. No sentido de como a insanidade, assim como o humor, é contagiosa. Exceto que você mal chega a Gaga, a segunda das duas.

Será que a própria sociedade responde à ilusão de um homem perturbado, com extrema adulação ou histeria em massa, porque não consegue dizer melhor? Sim. E essa é a vida externa do Coringa.

Como Phillips chega a Folie à Deux?

Ao subverter todas as expectativas do público em relação à sequência do Coringa – com um musical, isso não é um musical; um romance, isso não é romance; um filme do universo dos quadrinhos, ambientado principalmente em dois locais internos (prisão, tribunal); Gotham City, é apenas a cidade de Nova York; e até mesmo o Joker, que na verdade não é o Joker!
Como a Warner, que gastou US$ 200 milhões (grande parte deles, certamente, em Phoenix e Gaga), responde à sequência?

Ao abrir as bilheterias com um mês de antecedência, antecipando a data de lançamento na Índia para uma quarta-feira (feriado nacional, 2 de outubro); rebocando painéis por Londres, notei, para sua abertura de pára-choques em 5 de outubro… Preparando o público mainstream global, para o máximo de sucesso de bilheteria!

O que separa o extravagante Joker do discreto Folie à Deux é principalmente a pandemia. Viajamos coletivamente pela escuridão.

Sentado em um salão meio vazio, em seu primeiro fim de semana, algo me diz que Phoenix pode renascer das cinzas no OTT, se é que o fará.

Mayank Shekhar tenta dar sentido à cultura de massa. Ele twitta para @ mayankw14
Envie seus comentários para mailbag@mid-day.com
As opiniões expressas nesta coluna são individuais e não representam as do jornal.

Fuente