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Cuidar da sua saúde é essencial onde quer que você esteja. Cientes disso, muitos brasileiros que escolheram Portugal para viver têm recorrido a seguros de saúde privados para garantir atendimento quando necessário. A boa notícia é que, na maioria dos casos, esses seguros, mesmo cotados em euros, são mais baratos que os planos de saúde no Brasil. Mas é preciso entender muito bem como funcionam esses seguros em território português e quais as diferenças em relação ao modelo brasileiro. Avaliações erradas podem custar caro.

Advogado e consultor de seguros, Fernando Amorim explica que, em Portugal, o seguro de saúde é precificado de acordo com o que oferece, tanto em termos de atendimento ambulatorial como em caso de internamento. As empresas fornecem aos clientes um montante máximo de capital para cobertura durante o ano contratual. Quanto maior for esse capital, maiores serão as mensalidades. Se, durante esse ano, o utilizador consumir a totalidade do capital contratado, terá de pagar integralmente pelos serviços que utilizar. Nestes casos, os preços seguem as tabelas das redes credenciadas.

O consultor Fernando Amorim recomenda que você leia atentamente os contratos antes de contratar um seguro saúde
Arquivo pessoal

No Brasil, os seguros ou planos de saúde normalmente possuem uma cobertura mínima, baseada em lista definida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Não há limites de utilização, mas, na data de renovação do contrato, as operadoras levam em consideração o histórico do cliente para definir o reajuste. Como os seguros e planos no Brasil são, em sua maioria, coletivos, os custos acabam sendo diluídos entre quem mais utiliza os serviços e quem os utiliza pouco. Mesmo assim, os reajustes anuais têm sido elevados. No caso dos planos individuais, a correção é definida pela ANS. Detalhe: as empresas têm sido muito rigorosas na hora de autorizar exames e, principalmente, internações e cirurgias. Vários casos pararam na Justiça.

Há, no entanto, uma semelhança entre os seguros de saúde em Portugal e no Brasil: a coparticipação. Ou seja, parte dos custos com consultas, exames e internações são cobertos pelos seguros e contratantes dos planos. Quanto aos reembolsos em casos de consultas com médicos não conveniados, a percentagem varia, em ambos os países, de acordo com o contrato. Em média, no Brasil, os retornos variam em torno de 20%. Em Portugal, está perto dos 50%. “Todos esses detalhes devem ser observados na celebração dos contratos. As regras precisam ser muito claras e conhecidas por quem contrata o seguro”, afirma Amorim.

Um terço do valor

O casal Pedro e Flora Antunes, ambos de 78 anos, mudaram-se para Portugal há pouco mais de um ano. Os dois compraram uma casa em Leiria para ficarem mais próximos da filha e da neta. Antes mesmo de cruzar o Atlântico, começaram a pesquisar seguros de saúde, pois, por mais que o sistema público de saúde do país fosse muito bom, sempre acreditaram na importância de ter um plano privado. “Mas foi difícil encontrar um seguro de saúde que nos aprovasse, devido à nossa idade. Por regra, as seguradoras em Portugal não aceitam clientes com mais de 75 anos”, afirma Pedro.

Felizmente, o casal foi aceito por uma seguradora. O valor do seguro saúde foi fixado em 650 euros (R$ 4 mil) mensais para ambos. “É um valor bem acima da média do mercado, nós sabemos. Mas mesmo assim era mais barato que o plano de saúde que tínhamos no Brasil”, destaca Flora. “Em Brasília, em plano coletivo, pagamos, para nós dois, o equivalente a 1.733 euros (R$ 10,4 mil) por mês. Ou seja: o plano no Brasil era quase três vezes mais caro que o seguro em Portugal. Lembrando que temos direito a exames, consultas e quarto único em caso de internação”, completa.

O consultor Lúcio Gonçalves, 59 anos, que se mudou do Brasil para Portugal há dois anos e meio, também contratou seguro saúde. “Estou pagando, para duas pessoas, 260 euros (R$ 1.600) por mês. No Brasil, só para mim, eram 500 euros por mês (R$ 3 mil). É uma diferença muito grande”, ressalta. Ele reconhece que os sistemas privados de saúde brasileiro e português apresentam particularidades que podem justificar a disparidade de preços. “No entanto, para o cidadão comum é difícil de compreender, especialmente quando pagam um serviço em euros, num país europeu”, acrescenta.

O educador financeiro Marcelo Sobreira afirma que faz questão de ter seguro saúde em Portugal. Ele paga 260 euros por mês para toda a família
Arquivo pessoal

Serviços adicionais

O educador financeiro, Marcelo de Souza Sobreira afirma que ter seguro saúde em Portugal é essencial como complemento ao sistema público. “Pessoalmente, desde que cheguei ao país, contratei um seguro de saúde para a minha família. Somos três, eu, minha esposa e meu filho. Pagamos 260 euros mensais. É um preço acessível, certamente muito inferior ao que pagaríamos no Brasil”, acrescenta. Para ele proteção é tudo, principalmente quando se é estrangeiro. “Moramos um tempo em Cingapura e lá também tínhamos seguro saúde privado. Você não pode depender apenas do setor público.”

O especialista Fernando Amorim destaca que, em Portugal, o seguro de saúde é o produto mais vendido no mercado. “Mas existem planos de saúde. Nestes casos, as seguradoras não definem o capital mínimo a ser contratado. O cliente deverá pagar por todas as consultas, exames e internações, sempre seguindo a tabela de preços da rede credenciada. São preços menores que os cobrados de quem não tem plano”, explica.

Ele diz que, assim como no Brasil, existe um órgão regulador que define as regras de funcionamento do sistema privado de saúde e é responsável pela fiscalização: a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). A sua missão é garantir a sustentabilidade das empresas e que os consumidores recebam os serviços que contrataram.

Amorim destaca ainda que a aquisição de seguros e planos de saúde em Portugal deve ser acompanhada por especialistas, corretores e gerentes de banco, preparados para responder a todas as dúvidas dos consumidores. “São profissionais que podem ser acionados sempre que necessário”, enfatiza.

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