Texto alternativo

Os artigos elaborados pela equipe do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa utilizada no Brasil.

Acesso gratuito: baixe o aplicativo PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Com mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, a ex-vendedora de roupas íntimas e outras peças de vestuário em ônibus do interior de Santa Catarina e São Paulo, a cuiabana Suelita Assis, 34 anos, tornou-se um fenómeno do sector imobiliário em Portugal. Hoje, a sua empresa em Santarém conta commais de 200 imóveis em carteira para venda e cerca de 60 casas e apartamentos para alugar.

O que parecia ser uma mistura de ganhar a vida e se divertir, sua presença na internet a ensinou a empreender e alcançar seus objetivos. Ela conta, de forma descontraída, que quando viajava “no ônibus” para vender seus produtos, comprados em lojas da periferia da capital paulista, entendeu o que era empreender.

Inicialmente, Suelita, junto com o marido Lucas Assis, 37 anos, abriu uma loja física em Criciúma, Santa Catarina, para aumentar os ganhos. Porém, quando aprendeu a anunciar nas redes sociais, a situação mudou rapidamente. Em pouco tempo, ele vendeu todo o seu estoque.

Essa viagem pela internet fez tanto sucesso que um dentista famoso resolveu contatá-la para lhe fazer uma proposta. Ele corrigiria sua arcada dentária, que apresentava falta de dentes e, em troca, ela se tornaria garota-propaganda de sua clínica. Um acordo foi selado entre os dois.

Enquanto o negócio tentava pegar, a empresária tentou conciliar o curso de Letras, iniciado na Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), com vendas, mas a necessidade de trabalhar e ajudar a família a fez passar por diversas dificuldades, que a impediu de continuar os estudos.

Força amigável

Alguns anos se passaram até que, em 2021, Suelita decidiu fazer uma grande mudança em sua vida: mudar com a família para Portugal. Vendeu o carro e a moto que usava para fazer negócios, raspou o que tinha no banco e deu vazão ao desejo de morar em outro país, de recomeçar a vida.

Com o marido, três filhos — Giovana, então com 3 anos, João Lucas, 4, João Vitor, 14, e à espera do quarto filho —, a cuiabana atravessou o Atlântico. “Fomos para Santarém, conseguimos alugar uma casa por 130 euros (R$ 780). A ideia inicial era abrir um café e o meu marido trabalharia na construção ou na agricultura”, recorda.

Suelita mal pisara em solo português percebeu que o seu destino estava no ramo imobiliário. Começou pelo peito e pela corrida. “Na primeira semana de atividade já tinha vendido três casas”, conta. Era o sinal que ela precisava para investir no novo negócio. “No primeiro mês já tinha dinheiro para alugar e, no segundo, para compras de supermercado”, acrescenta.

Incansável, o brasileiro aproveitou todas as oportunidades que se apresentaram. E, para não deixar nada escapar, comprou um carro com o qual começou a viajar por Portugal. O objetivo era “procurar casas para as pessoas”.

Ao mesmo tempo em que era movida pelo ímpeto empresarial, Suelita enfrentava um grande obstáculo: sua empresa não estava legalizada e nem tinha conta em banco. “Mas apareceu uma mão amiga e me puxou para frente”, destaca. A consultora imobiliária Sónia Santos, de uma grande empresa do sector, deu-lhe a assistência necessária até organizar o negócio.

Proteção do cliente

Depois de chamar tanta atenção nas redes sociais, o brasileiro foi contratado por uma empresa de ônibus para uma campanha publicitária. Até há pouco tempo, era o rosto da empresa no terminal rodoviário de Sete Rios, em Lisboa, e noutros terminais espalhados pelo país. Mas o que ela realmente queria era levar seu negócio adiante.

Focada na empresa que abriu, ela se gaba de ter mais clientes do que imóveis para vender e alugar, quadro que, segundo ela, tende a ficar ainda melhor. “Escolhi Santarém para ser a base da minha empresa. E só tenho a agradecer”, destaca.

Uma ajuda para a brasileira, Sónia destaca a forma como Suelita administra o negócio, com dedicação e proteção aos clientes, o que é uma diferencial não mercantil. “Suelita é uma pessoa humilde, que teve uma vida difícil e age com espontaneidade. É uma pessoa de coração aberto, que se esforçou para resolver todos os requisitos para que sua empresa pudesse funcionar legalmente. ser mais profissional, e ela conseguiu”, diz ele.

Com 16 anos de profissão, Sônia garante que nunca viu uma consultora com as características de Suelita. “Ela busca o casas que as pessoas precisam e segue os passos para que os clientes tenham todos os problemas resolvidos, assim como ela fez consigo mesma, até se legalizar em sua empresa”, destaca.

Para Sónia, a brasileira merece a visibilidade e o sucesso que tem, pois as imobiliárias tradicionais não fazem o que ela faz. “Eles são muito egoístas”, enfatiza. E acrescenta: “Ela não é assim, ela é uma exemplo de profissionalPara a consultora, Suelita é um retrato claro dos brasileiros que escolheram Portugal para viver, trabalhar e estudar. “Ela está agregando valor ao nosso país”, enfatiza.

Fuente