Texto alternativo

Os artigos elaborados pela equipe do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa utilizada no Brasil.

Acesso gratuito: baixe o aplicativo PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

A jornalista Ana Cristina Fiedler, de 48 anos, sentiu-se completamente desamparada quando, em agosto de 2023, foi diagnosticada com câncer de mama. “Era como se eu estivesse em um deserto, pois estava em um país diferente, sem nenhum histórico conhecido de alguém que tenha enfrentado a doença. Pensei até em voltar para o Brasil”, diz ela, que se mudou para Portugal em 2018.

Depois do susto inicial, Ana, que terminou recentemente o tratamento quimioterápico, só pode agradecer. “Por onde passei, hospitais, laboratórios de testagem, centros de atendimento, conheci profissionais e seres humanos incríveis. Isso me deu tranquilidade para continuar em Portugal”, afirma. Para ela, a forma como foi recebida no Sistema Único de Saúde (SUS) foi surpreendente. “Tudo funcionou impecavelmente”, destaca.

Ana também encontrou apoio em uma instituição privada, a Associação Partilhas e dados em Lisboa e Cascais, criada recentemente pela paulista Camila Cavalcanti. “Lá recebi um apoio complementar fundamental, tudo de graça. Consegui consultar um dentista antes de iniciar a quimioterapia, pois não é possível movimentar os dentes durante o tratamento. Comecei a consultar um psicanalista, o brasileiro André Marouço, e, após a operação, tive total apoio de um oncoterapeuta”, relata.

A jornalista Ana Cristina Fiedler, ao centro, ladeada pela enfermeira Marta Maia e pela amiga Michelle Rôças, que a acompanhou em diversas sessões de quimioterapia
Arquivo pessoal

Para o jornalista, toda esta infraestrutura de apoio é essencial para quem tem problemas de saúde. Mas ela faz um apelo: “Que as mulheres façam um autoexame constante dos seios. Isso é fundamental para identificar qualquer alteração, qualquer caroço que possa indicar câncer de mama. Esse autoexame deve ser acompanhado de exames de imagem. Nada substitui uma ida ao médico.” Ana está empenhada em divulgar esses alertas, principalmente neste mês, Outubro Rosa.

“A Ana foi a primeira pessoa que atendemos”, diz Camila, que faz um extenso trabalho de conscientização sobre a importância de cuidar da saúde. Para isso, criou há seis anos o Movimento do Otimismo, que reúne todas as quartas-feiras pela manhã para praticar atividades físicas e socializar. “Como gosto de correr, pensei em criar uma rede de apoio através da corrida. Inicialmente combinei com quatro ou cinco portuguesas, mães de colegas de escola da minha filha, uma troca de experiências. Algum tempo depois já tínhamos mais de 100 pessoas em nossas atividades”, relata.

Coquetel de apoio

Camila aproveitou todo esse apoio para retomar um projeto que havia feito no Brasil, mais precisamente em Niterói, Rio de Janeiro. Quando a cunhada foi diagnosticada com câncer, ela decidiu levantar a bandeira pela importância da prevenção no Outubro Rosa. A cunhada, porém, morreu antes do término da campanha. Mas Camila a aceitou. Era 2016. Anos depois, já em Portugal, com o Movimento do Otimismo a todo vapor, cumprindo a sua missão, o paulistano foi convidado para ser embaixador da Associação Partilhas e dados em Lisboa e Cascais. A entidade existe há 10 anos, operando apenas no Algarve e em Chaves.

“Há pelo menos seis pessoas do Movimento do Otimismo que têm câncer, mas que estão sempre presentes nas reuniões e que não abrem mão da prática de exercícios físicos, pois sabem o quanto é importante para a saúde”, afirma Camila. Ela conta que mesmo quem não gosta de correr entrou no grupo, pois outras atividades foram incorporadas à rotina, com o tênis de praia e o remo. “Não há limite de idade para os participantes, vamos desde adolescentes a idosos, de várias nacionalidades”, acrescenta.

Embora todos os profissionais parceiros — médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas — doem serviços para a associação, seja online ou presencialmente, Camila sabe que, para ampliar os serviços, são necessários recursos. Por isso, ela decidiu promover um coquetel beneficente Outubro Rosa, nesta quinta-feira, 17 de outubro, a partir das 17h, no Palacete Virtvs. Brasileiros famosos que moram em Portugal, como Marcelo Anthony, Suzana Werner e Úrsula Corona, aderiram à campanha e estão estampando camisetas do evento nas redes sociais. “Já temos mais de 80 pessoas confirmadas”, afirma.

A campanha Outubro Rosa foi ampliada para a Embelleze, empresa que trabalha com produtos para cabelos femininos. Durante este mês, todos os produtos da linha Novex terão 10% das vendas destinadas à Associação Brasileira de Apoio à Mulher com Câncer de Mama (APAMCM).

Fuente