O caso Gabriel Alonso

Em 12 de novembro de 1948, uma carta chegou à redação da MARCA. Estava datado Fuenterábia (Hondarribia) no dia 9 do mesmo mês. A assinatura foi Gabriel Alonso (1923-1966), jogador do Celta, internacional espanhol desde março do mesmo ano e que estava na boca de todos há semanas. Porque Alonso estava em rebelião no Celta. A carta, publicada na primeira página do MARCA no dia seguinte, tratava desse tema, um emaranhado entre Alonso, Celta e Real Madrid.

O zagueiro, conhecido por sua determinação e orgulho, referia-se a uma notícia publicada dias antes em que Cesáreo Gonzálezum produtor de cinema intimamente ligado ao Celta, disse que Alonso queria ir para Madrid porque iria ganhar 800 mil pesetas. “Durante todos estes meses o meu nome é mencionado e divulgado em relação à minha possível transferência para o Real Madrid e à minha rebelião no Celta (…). Quando o Real Madrid iniciou as negociações para alguns jogadores do Celta, refiro-me ao Muñoz, ao Pahíño e a mim, o Celta concordou tanto que nos autorizou a negociar com o treinador. Pablo Hernández Coronado nossas condições econômicas”, começava a epístola.

Alonso, com o Celta.ARQUIVO DE MARCA

Na carta, Alonso explicou que na volta do Suíça-Espanha, disputado em Zurique no dia 20 de junho e onde estreou pela Espanha Muñoz e Pahíño, Encontrou-se com o Real Madrid e chegou a um acordo idêntico ao dos seus dois companheiros: 100.000 pesetas.

“Então, estando de acordo com o Real Madrid no que diz respeito aos meus objetivos financeiros e entusiasmado por poder jogar no clube merengue, que sempre estimei muito, um retificação do Celta, que autorizou a transferência do Muñoz e Pahíño e ele negou os meus porque considerou que meus serviços eram necessários para o Celta. E a partir daí eu me rebelei”, disse o Gipuzkoan, que se recusou a iniciar a temporada 1948-49 com seu time.

Gabriel Alonso Disse na carta que foi obrigado a jogar pelo Celta “por um valor modesto que estava estipulado no contrato original, sem que o Celta quisesse fazer nada para melhorar essa condição”.

Os madridistas Olmedo, Espina, Conde, Gabriel Alonso e Pahíño, antes do Madrid-Atlético.ARQUIVO DE MARCA

Ausente do onze do Celta desde a final da Copa, que seu time perdeu em 4 de julho de 1948 contra Sevilha (4-1), Alonso garantiu que tinha o seu futuro nas mãos de quem o representava em Madrid e que esperava que o Celta entendesse que o seu desejo era uma solução rápida.

Resposta celta

A carta publicada em MARCA O barulho em torno de Alonso aumentou, o que já era muito. Porque um jogador em rebelião era algo extraordinário.

A resposta do Celta também chegou às páginas do MARCA através de uma conversa com três dirigentes do clube de Vigo: Celso Pérez, Carlos Candeira e Manolo Lago. “Estamos maravilhados. É uma carta que não tem cabeça nem cauda. Podemos garantir que nada do que Alonso diz é verdade. Você verá como o convenceremos imediatamente”, disseram eles João de Diegoo jornalista deste jornal que procurou a versão do clube.

A resposta na MARCA do Celta.ARQUIVO DE MARCA

Para começar, os dirigentes negaram qualquer permissão aos seus jogadores para negociar com o Real Madrid ou com qualquer outro clube: “Como é que o Celta vai permitir que os seus jogadores procurem alojamento noutro clube por conta própria?”

Casos diversos

O Celta deixou claro que os casos de Muñoz, Pahíño e Alonso Eles eram diferentes. O primeiro encerrou contrato no ano seguinte, era madrileno e queria voltar para casa, então o clube não ia recusar. No caso do atacante, as condições eram boas para o Celta. Nada disso ocorreu no caso de Gabriel Alonso.

Da rua del Príncipe, sede da Celta em Vigoalegou-se que no final da temporada o salário de Alonso foi aumentado pela terceira vez. E a conversa terminou com um aviso a Alonso: “Ou ele joga no Celta ou nunca mais se vestirá como jogador de futebol.”

E quem venceu foi o clube galego, o que foi uma boa notícia numa temporada que começou mal para uma equipa que Ricardo Zamora no banco

Em 26 de novembro, Gabriel Alonso Voltou a treinar com o Celta. Regressou à Galiza e viveu na casa de um diretor olival, o Sr. Lego Bartos. Dois dias depois, frente ao Deportivo em casa (1-1), Alonso voltou a jogar para reforçar a defesa de uma equipa que duas semanas antes tinha sofrido seis golos em Chamartín, quatro marcados por Pablo Olmedo.

Os irmãos Alonso, no dia da estreia de Gabriel pelo Real Madrid frente aos dinamarqueses do Boldklubbe.ARQUIVO DE MARCA

Estreia sendo do Celta

Gabriel cumpriu contrato do campeonato com o Celta até o último dia. Quando chegou a primavera de 1951, partiu de Vigo para Madrid, onde o esperavam. Mas eu já sabia o que era jogar no Madrid. Em 25 de dezembro de 1950, disputou um amistoso sem gols contra os dinamarqueses em Chamartín. O clube de futebol de 1893, 20 vezes campeón danés. Foi um avanço, porque já era oficial que no início da Taça daquela temporada pertenceria ao Real Madrid. Foi o que aconteceu em 29 de abril de 1951, contra o Valência.

Ao chegar em Madri, onde passou quatro temporadas e ganhou uma Liga, Gabriel teve que colocar o II depois do sobrenome. Porque na capital uniu o seu caminho ao do irmão, Juan Alonsolenda do gol de Madrid. Apesar do que viveu, antes de deixar o Celta Recebeu uma homenagem do clube de Vigo. Gabriel Alonsoque jogou pela Espanha na Copa do Mundo de 1950. Depois de Madrid, ele jogou em Málaga e Rayo

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