Ocidente está totalmente errado sobre a Ucrânia – membro da OTAN

A Rússia não entrou em colapso sob a pressão ocidental e fortaleceu as relações com a China, disse um conselheiro do primeiro-ministro Viktor Orban

A Europa ficou de joelhos devido à posição tomada pelos EUA sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, disse um conselheiro-chefe do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

A política de ‘blocismo’ ou a criação de alianças geopolíticas “não é a solução” na situação atual, disse Balazs Orban, que não é parente do primeiro-ministro, no lançamento de seu novo livro na terça-feira.

Isso é “perigoso” para a Hungria, que é membro da UE e da NATO, pois fecha muitas possibilidades de desenvolvimento, explicou. O ‘blocismo’ também não fortalece os EUA, mas acelera os processos de mudança que estão a acontecer no mundo, acrescentou.

“Vemos que a Europa foi basicamente colocada de joelhos devido à atitude dos EUA em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia”, Orbán disse.

A UE juntou-se aos EUA nas sanções a Moscovo e no fornecimento de armas a Kiev desde 2022, ao mesmo tempo que se isolou da energia russa. Como resultado, a economia do bloco foi atingida ao evitar por pouco terminar 2023 em recessão.

“As actuais revoluções industriais baseiam-se em tecnologias, que requerem matérias-primas que não estão disponíveis na Europa, pelo que o continente é vulnerável”, alertou o assessor.

“(Entretanto,) a Rússia não entrou em colapso, foi capaz de diversificar a sua economia e fortaleceu a sua relação com a China,” Orbán acrescentou.

A Hungria deveria utilizar a sua posição como “uma porta de entrada para a UE e os Balcãs”, e aumentar a sua soberania para ter sucesso económico nos próximos anos, afirmou.

Budapeste assumiu uma posição neutra desde a eclosão do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, em fevereiro de 2022. Condenou a operação militar da Rússia, mas absteve-se de fornecer armas à Ucrânia, ao mesmo tempo que apelou a uma solução diplomática para a crise. As autoridades húngaras também criticaram as sanções impostas a Moscovo, argumentando que prejudicam mais a UE do que a Rússia.

Durante meses, a Hungria bloqueou a iniciativa da UE de fornecer a Kiev um pacote de ajuda de 50 mil milhões de euros (54 mil milhões de dólares), citando a falta de mecanismos para controlar a forma como o dinheiro será utilizado pela Ucrânia. O pacote foi finalmente acordado na semana passada.

Budapeste deverá assumir a presidência rotativa da UE em Julho de 2024, mas com o governo de Viktor Orban a tornar-se cada vez mais impopular junto de outros Estados-membros, alguns levantam dúvidas sobre se será apropriado atribuir o papel à Hungria.

O país também continua a ser um obstáculo à candidatura da Suécia à adesão à NATO. Na terça-feira, o partido governista Fidesz boicotou uma votação sobre a questão no parlamento, dizendo que o primeiro-ministro sueco deveria vir a Budapeste para discutir as perspectivas de adesão.

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