Um tinto que mostra a grandiosidade e os dilemas do Douro

Este é um vinho que bem poderia servir para demonstrar os dilemas do Douro. A grandeza dos seus vinhos, a pobreza dos seus agentes e o abandono de vinhas e parcelas que são património único e irrepetível.

Direi desde já que é um tinto fantástico, com grau moderado e corpo sedoso, daquele que nos enche de prazer, que nos remete à memória gustativa dos vinhos antigos. Um tinto intenso e saboroso, fresco, complexo e um equilíbrio notável. Um equilíbrio que resulta da vinha velha, do trabalho e conhecimento acumulado de gerações, do requinte e perfeição das castas, que no seu conjunto, qualidades e características específicas, souberam adaptar-se às condições e natureza do local.

Esta é a harmonia da vinha velha, que se adapta à pobreza e às adversidades do clima, que valoriza a qualidade das uvas, mesmo que esta corresponda posteriormente a uma produção mínima. Ou seja, vinhos únicos e irrepetíveis, mas cujas uvas acabam por ser pagas de forma indiferenciada e em regra nem pagam o trabalho da quinta. Um dilema que estes vinhos de locais inóspitos ajudam a compreender, e que, por isso, é também recomendado para quem consegue tomar as rédeas das grandes decisões que o Douro carece há muito tempo.

Nuno Morais Vaz e Daniela Matias são os produtores, um jovem casal que funciona como uma espécie de novos exploradores, que procuram nos confins do Douro parcelas, exposições e castas com marca no território, que valorizam com uma enologia atenta e cuidada. Neste caso, as uvas são provenientes do Douro Superior, de uma vinha perto de Almendra, com mais de 45 castas diferentes e cujo registo e plantação remontam a 1850.

Destacam ainda que foi produzido de forma tradicional, com pisa a pé em moinhos de pedra e fermentação espontaneamente com leveduras indígenas, seguido de 18 meses de estágio em barricas novas e usadas de carvalho francês.

Outras garrafas de Inóspito também foram engarrafadas de outras parcelas de vinhas velhas. Dois brancos, um do Chão de Areia (32€) e outro do complicado Viosinho e solo argilo-xistoso (€20), e mais dois tintos, Vinhas Velhas do Roncão (€28) e uma Touriga Nacional (€24) com uvas de duas parcelas diferentes. Tudo com grande equilíbrio, complexidade, sabor rico e preços que, neste contexto, são muito convidativos. Uma filosofia que tem o seu expoente máximo nas Vinhas Velhas de Almendra. Foram rotuladas 3.360 garrafas que deverão continuar nas próximas safras.

Nome Inhóspito Vinhas Velhas Almendra 2022

Produtor Vinhos Geográficos

Castas Diversos

Região Douro

Grau alcoólico 12% vol

Preço (euros) 29,50 (garrafeiratiopepe.pt)

Pontuação 94

Autor Jose Augusto Moreira

Resultado dos testes Um tinto fantástico, de grau moderado e corpo sedoso, que nos enche de prazer, que nos remete à memória gustativa dos vinhos antigos. Um tinto intenso, saboroso, fresco, complexo e com notável equilíbrio.

Origem Douro Superior (D)

Tipo Tinto

Designativo

De novo 2022

Características

Harmonização

Harmonização

Harmonização

Harmonização

Fuente