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Portugal é um país encantador. Entre as modalidades de visto oferecidas aos imigrantes que buscam esse pedaço de paraíso na Terra está aquele que promete receber profissionais que exercem atividades ditas altamente qualificadas. Possuem bacharelado em determinadas áreas científicas, como tecnologia da informação, ou tecnólogos com pelo menos cinco anos de experiência. Mas Portugal não cumpriu a sua parte neste acordo.

Atraídos por esta promessa, milhares de profissionais com currículos notáveis ​​têm solicitado o visto D3. Muitos deles são brasileiros que escolhem Portugal e formam uma força de trabalho que pode ser decisiva para colocar o país em melhores condições económicas. No entanto, ao chegarem aqui, estes trabalhadores e as suas famílias experimentaram o desconforto de anos de espera que Portugal emitisse as suas autorizações de residência.

Não se trata de imigração ilegal, pelo contrário, estamos a falar de pessoas que cumpriram todos os requisitos estabelecidos pelo mesmo governo que os atrai com a promessa de que serão tratadas com o suposto prestígio da actividade profissional que desempenham, mas sim que acabam beirando, sem documentos, a indigência. Chegam com contratos de trabalho e salários que serão transformados em consumo e impostos, mas esperam, cansam-se e partem para outros países da União.

O Painel Europeu da Inovação (EIS) é uma ferramenta de avaliação comparativa desenvolvida pela Comissão Europeia para analisar o desempenho inovador dos Estados-Membros. Entre os indicadores que compõem o EIA está um que mede o volume de habitantes com ensino superior. Em 2022, Portugal acumulou notáveis ​​138,5 pontos, colocando-se, neste critério isolado, ao lado de Líderes de Inovação como a Suécia e a Finlândia. Em 2023, essa pontuação caiu para 113,9 pontos e, em 2024, para 97.

Num momento em que o país vive uma grave crise populacional, não há surpresa nos números acima. Além do êxodo de jovens portugueses, que decidem viver em países europeus onde os salários são mais elevados, Portugal também não conseguiu reter as mentes brilhantes que recebe através da imigração.

Portanto, embora o país tenha conseguido um aumento significativo na população de médicos, que cresceu cerca de 73% na última década, é essencial que volte a sua atenção para a fuga de cérebros em curso, que pode ser atenuada com melhores esforços em o tratamento dos imigrantes D3.

Aprendi desde cedo que, em boa harmonia, futebol, política e religião são assuntos a evitar. Mas é difícil aceitar que, neste momento, os futebolistas estrangeiros tenham uma rota expressa através da AIMA, a agência de imigração, enquanto outras indústrias e setores da economia sofrem no processo de imigração, a ponto de desistirem do empreendedorismo aqui.

Não que o futebol não mereça, pelo contrário. Como bom torcedor basco, conheço bem as dores e as delícias do esporte. É que, quando falta pão em casa, todos brigam e ninguém tem razão. Por isso, mais do que nunca, precisamos urgentemente falar sobre imigração.

Os artigos da equipe do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa utilizada no Brasil

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