Os números ainda estão a ser afinados mas, nas contas do Governo, o suplemento extraordinário anunciado na 4ª-feira pelo primeiro ministro chegará a cerca de 2,4 milhões de pensionistas e terá um custo em torno de 400 milhões de euros. A contabilidade, ainda provisória, foi dada por Paulo Rangel, ministro e Estado e dos Negócios Estrangeiros, em declarações à RTP, onde o braço direito do primeiro-ministro aproveitou para deixar alfinetadas ao PS e a Pedro Nuno Santos.

“A nossa estimativa que precisa de um afinamento rondará os 2,4 milhões de pessoas, podendo andar à volta dos 400 milhões de euros, um pouco mais”, disse o ministro. “Não compreendo como há tanta gente que está incomodada com uma medida social que revela responsabilidade orçamental”, disse Montenegro, sem, contudo, explicar de que bolso sai esta medida adicional e como se coaduna com o receio, expresso pelo Ministro das Finanças, de ter encontrado um desequilíbrio escondido nas contas públicas.

Maria do Rosário Palma Ramalho, da Segurança Social, precisaria entretanto que a despesa deverá rondará os 422 milhões de euros e que o suplemento será pago de forma automática, sem necessidade de qualquer pedido pelos pensionistas, aquando das pensões de outubro.

Esta quarta-feira Pedro Nuno Santos reagiu aos anúncios do Pontal dizendo que são sinal de “incompetência” e “eleitoralismo”. Incompetência “na gestão do SNS em plena época de verão”; e eleitoralismo nas pensões, porque, ao dar um suplemento em outubro, “o Governo quer, está convencido de que precisa de ter umas eleições antecipadas, é a única razão para esta medida”.

Paulo Rangel começou por dizer que “não vou fazer comentário político”, mas acabou por ir a ele. “Só há eleições se o secretário geral do PS quiser”, diz o governante, que acha estranho que um partido de esquerda não aplauda uma decisão destas. “Estar a querer tentar desvalorizar a medida vinda de um partido socialista… onde está o partido socialista? Ontem o PS disse que não queria ser incomodado”. Ora, “as medidas sociais não deviam incomodar o PS”, ripostou.

Maria do Rosário Palma Ramalho, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

António Pedro Santos/Lusa

Sem entrar em detalhes, o governante disse ainda que a medida sobre os passes ferroviários é “estrutural” – “vejam o que significa em termos de sustentabilidade ambiental e de medida social, e de aposta na ferrovia no futuro. E recusou que o anúncio de criação de novos cursos de medicina seja requentada e sirva para desviar as atenções das atuais falhas nos serviços de saúde. “Dizem que isso não tem efeito agora: pois não, porque o Governo não está a trabalhar para amanhã. Está a trabalhar para amanhã, daqui a um mês e daqui a um ano e para daqui a 10 anos”.

Entre o anúncio das medidas e as primeiras explicações ainda genéricas sobre as suas características passaram quase dois dias e, de permeio, já se ouviram reações, para lá dos partidos politicos. Os reformados, por exemplo, criticam o que consideram ser paliativos. Na área da saúde a Ordem dos Médicos fala em populismo básico.

O Expresso endereçou várias perguntas aos gabinetes do governo, pedindo detalhes sobre os anúncios feitos na quarta-feira, aguardando respostas a, pelo menos, parte delas.

Notícia atualizada às 15H55 com dados adicionais do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

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