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A contagem decrescente para a greve anunciada pelos funcionários da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) contra horas extras e trabalho de final de semana já iniciado. E, segundo Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos de Funções Públicas e Sociais, até agora não houve qualquer contacto entre o Governo e a entidade desde que foi anunciada a greve.

A greve está marcada para começar em 22 de agostoestendendo-se até 31 de dezembro, e os brasileiros serão os maiores perdedores. “Nem fomos chamados para discutir serviços mínimos”, afirma, referindo-se aos serviços obrigatórios em caso de suspensão do serviço extra.

Sequeira diz que foi por insistência do setor jurídico da federação que o prazo para início da greve foi tão longo: “O aviso de greve pode normalmente ser feito com cinco dias de antecedência ou, havendo serviços mínimos, com 10 dias de antecedência. . Demos 16 dias para que houvesse mais tempo para discutir os serviços mínimos”, destaca.

A decisão de greve é ​​consequência da reunião entre representantes sindicais e governamentais no dia 1º de agosto. Em vez de agendarem para a reunião pessoas com capacidade de decisão, os sindicalistas foram recebidos pelo chefe de gabinete do Secretário de Estado e por um assessor para assuntos da AIMA, personalidades que não tinham poder de decisão.

“Atualmente, o funcionário público não pode se recusar a fazer horas extras. A legislação prevê até 150 por mês. Ele poderá ser chamado a fazer horas extras, e é obrigado a fazê-lo, a menos que tenha motivo plausível para recusar”, afirma Sequeira. A maior parte das horas extras ocorre nos finais de semana e feriados, o que deixa pouco tempo para descanso.

Ratos e baratas

Na reunião de 1º de agosto, os sindicatos apresentaram 25 questões que desejam resolver. Além do excesso de horas extras – muitas delas não remuneradas -, reclamam do burocracia excessiva, falta de trabalhadoresa falta de organização do trabalho, sistemas informáticos desatualizados, condições de trabalho precárias, entre outros. As condições de trabalho deficientes incluem banheiros sem fechadura, falta de ar condicionado diante do calor excessivo e construções com baratas e ratos, inclusive no espaço reservado para refeições.

Muitos trabalhadores pedem transferência para outros setores da administração pública e não são substituídos. “O Observatório de Migrações AIMA, por exemplo, tem uma trabalhadora, e ela parte em setembro, daqui a duas semanas. Ela não sabe quem vai substituí-la e, por isso, não está repassando dossiês sobre o trabalho que faz”, revela o dirigente sindical.

Sequeira afirma que a estrutura da missão criada para resolver os mais de 400 mil processos pendentes coloca em risco informações confidenciais. “Foram contratadas pessoas através de recibo verde (terceirizados) para preparar os processos. Têm acesso a bases de dados confidenciais que apenas os funcionários públicos podem ter. Isso ocorre porque os servidores possuem um estatuto que os obriga a não revelar dados. Outros não têm essa obrigação”, afirma.

Relativamente ao número de novos funcionários necessários para resolver a situação na AIMA, Sequeira sublinha que o Governo não tem sequer uma estimativa. “Na reunião do dia 1, os representantes do Governo destacaram que não sabem de quantos trabalhadores a AIMA necessita”, afirma.

Recentemente, o Governo anunciou um concurso para contratar 300 pessoas para a agência, mas não realizou o processo seletivo como um todo. Pior: em recente concurso para o Preenchendo 58 vagas, apenas 19 foram preenchidas pela AIMA.

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